O
Border Collie é um cão de pastoreio e trabalho, desenvolvido pelos britânicos
há mais de cem anos. É uma raça portanto relativamente jovem, mas nem por
isso suas origens são precisas, isso porque seus ancestrais já exerciam suas
funções desde o século XIV. Os primeiros indícios da formação do Border
Collie datam de 1570, quando os primeiros exemplares começaram a ser descritos.
O
desenvolvimento do Border Collie, ao contrário do que aconteceu com muitas raças,
sempre foi pautado por suas características de trabalho, ou seja, acasalavam-se
os exemplares com melhor desempenho para as funções específicas sem tanta
preocupação com o seu tipo físico. Talvez seja por isso que até hoje os
Borders conservem como principal característica física a aparência rústica.
Outro dado que confirma essa tese é que a grande maioria dos Borders é
registrada apenas nos clubes da raça voltados para o desempenho do pastoreio e
não dos kenneis gerais.
A importância ao desempenho do cão nas suas atividades originais é tão grande
que as associações emitem registros de avaliação dos cães para o pastoreio e
organizam competições apenas entre os melhores exemplares. Apesar de ser um cão extremamente popular em seu país de
origem, o Border começou a ganhar reconhecimento no Brasil após sua participação
em comerciais como o do Unibanco e em filmes, como o Babe, o Porquinho
Atrapalhado.
Personalidade
O
Border é, antes de mais nada, um trabalhador. Desenvolvido para o trabalho,
pode ser considerado por muitos um workholic. Sua principal característica –
pela qual foi selecionado durante tantos anos – é a capacidade de lidar
especialmente bem com rebanhos. Em seu país de origem, estima-se que 98% de
todas as propriedades rurais utilize cães para auxiliar no trabalho com o
rebanho, e grande parte destes cães são borders.
É um cão com extrema vitalidade e uma enorme necessidade de
executar tarefas, por isso não é incomum encontrar relatos de borders que, na
falta de um rebanho de ovelhas para cuidar, acaba pastoreando patos, crianças...
enfim, qualquer coisa que se mova.
Segundo
o pesquisador Stanley Coren, autor do livro A
Inteligência dos Cães, a raça está em primeiro lugar entre as 133
que tiveram sua inteligência de obediência e trabalho. De acordo com o
levantamento, 190 dos 199 juízes participantes situaram o Border entre os dez
melhores, o que lhe garantiu a liderança do ranking.
No entanto, a inteligência e a habilidade para resolver
situações complexas pode se transformar num problema para o dono, uma vez que
da mesma maneira que aprende as coisas que o dono quer, aprenderá na mesma
velocidade coisas que são absolutamente dispensáveis.
A
principal característica do Border ‘em ação’ é o seu chamado ‘power
eye’. É através de seu olhar ‘penetrante’ que ele consegue, apesar do
tamanho, dominar rebanhos com tanta eficiência.
Dependendo do tamanho dos rebanhos os borders trabalham em
grupo e através de um treinamento sofisticado e ao mesmo tempo simples, os
pastores conseguem que cada cão responda ao seu ‘assobio’ particular e
desempenhe assim atividades relacionadas mas independentes dos demais cães.
Além
de suas atividades originais, o Border é um exímio atleta. Por suas características
físicas, tem uma enorme agilidade e velocidade, o que garantiu à raça um
papel de destaque nas competições de agility, fly ball e jumping. A
superioridade dos border na prática do agility é tão acentuada que para eles
foi criada uma categoria especial, onde concorrem apenas entre si, dando assim
alguma chance às demais raças nas categorias gerais.
O
Filhote
Uma
característica marcante dos borders é a sua precocidade e energia. Segundo
treinadores, os Borders começam seu desenvolvimento antes das demais raças e
por isso estão 'prontos' mais cedo que os demais.
Para os pequenos filhotes a principal motivação para o
aprendizado é o interesse do dono. Assim, um bom dono é capaz de obter
excelentes resultados com um Border mesmo com poucos meses. O instinto de pastoreio do Border é ainda tão forte que
mesmo os pequenos filhotes já começam a assumir a pose típica da raça quando
trabalha: colocando a cabeça para frente, patas da frente abaixadas e garupa
alta. Segundo os estudiosos, essa postura é uma aliada na intimidação das
ovelhas.
Apesar
do tamanho e por ser um cão desenvolvido para o trabalho, não é recomendado
para áreas pequenas onde não possa realmente gastar sua energia em atividades
‘úteis’. Um border entediado é capaz de se transformar num cão bastante
destrutivo e arteiro. Quanto às crianças, dá-se bem com elas, mas seu instinto
de pastor pode assustá-las se forem muito pequenas. Quanto à higiene, banhos podem ser dados mensalmente, mas as
escovações devem ser freqüentes para manter a pelagem sempre na melhor forma.
Nos de pêlo longo, mais ainda: de preferência, todo dia.
Cores
Até
em função de ter sua criação essencialmente voltada ao trabalho, a raça não
segue um padrão muito rígido quanto ao tipo físico desejado e assim há uma
grande variedade de cores e marcações possíveis para o Border, normalmente em
preto, marrom, vermelho, e até mesmo o azul merle, sobre fundo branco, que não
deve ser predominante.
O padrão adotado pela CBKC – entidade brasileira de
cinofilia, determina algumas características que todo Border deve ter, como por
exemplo um corpo um pouco mais comprido do que alto, o porte médio com cerca de
50 cm na altura da cernelha, o focinho relativamente fino, as orelhas afastadas
e inseridas no alto da cabeça, a cauda moderadamente comprida.
O pêlo pode ser curto ou longo; as orelhas eretas ou semi-eretas.
Problemas comuns à raça
O
Border está sujeito a alguns males hereditários. Um é a Retinal Pigment
Epitelial Distrophy (RPED), conhecida como PRA central, uma atrofia da
retina devido a depósito de melanina, que pode aparecer a partir dos três
anos. Esta doença, que chegou a afetara 12% dos cães ingleses na década de
80, alcança hoje apenas cerca de 1% do plantel na Inglaterra.
Outro problema que pode acometer os Borders é a CEA (Anomalia do Olho do Collie), um descolamento da retina e que aparece bem cedo
no Border. A CEA resulta em sangramentos e cegueira e atingem cerca de 2% dos exemplares.
Casos de displasia
coxo-femural (anomalia no encaixe do fêmur e da bacia) também já foram relatados, mas são mais raros. |