As fontes de ensinamentos da Maçonaria são muitas e numerosas as interpretações
do Rito, o que tem gerado muita confusão, originada às vezes até por
instrutores e escritores reconhecidos como profundos conhecedores da
Simbologia Maçônica. Podemos crer que dia virá em que a Ordem possuirá
um só Ritual ou Livro de Instituições, que acabará com os freqüentes
equívocos existentes, evitando dúvidas e choques de apreciações e
facilitando o caminho da investigação da Verdade. O conteúdo deste
trabalho são os ensinamentos adquiridos em diversas leituras e em
palestras que assisti, feitas por velhos Mestres Instrutores..
Iniciação, Simbologia do Gênesis
Adão, que no Gênesis significa o primeiro varão fêmea ou
andrógino e na Cabala significa o único engendrado e também terra
vermelha, foi introduzido na Maçonaria com essa acepção.
Adão, feito de
terra, era a própria matéria bruta, até que Deus, o Grande Arquiteto
do Universo, deu-lhe o sopro divino, deu-lhe a vida. Adão passou a ser
a matéria pura, a matéria divina.
Tendo terminado
suas criações no sétimo dia, o Grande Arquiteto abençoou o número
7. Adão sua última criação, foi considerada a obra perfeita.
Na sagrada ciência
dos números, o número 4 representa a matéria e o número 3 representa
o espírito. Adão, terra vermelha, matéria bruta, é o número 4,
enquanto que o sopro divino é o espírito, é o número 3. A soma
destes dois algarismos é 7, número perfeito, sagrado e muito estudado
na Maçonaria.
Adão vivia em
plena e total contemplação; vivia em verdadeiro êxtase; vivia em íntima
união com o Uno, momento em que a alma se funde com Deus, o Grande
Arquiteto do Universo. Porém, um dia, surgiu a Serpente, símbolo da
razão, da imortalidade e do poder iniciático. Entre os hindus
chamava-se Naga ou Naja, emblema do iniciado. Na igreja Cristã
primitiva simbolizava a vitória de Cristo sobre o Diabo, o mal. É
neste sentido esotérico que figura em muitos graus da Maçonaria.
A Serpente que
morde a própria cauda, formando uma circunferência, chamada Euroboro
ou Ouroboro, era, para os alquimistas, a Unidade da Matéria ou o Todo
em Um. Para os ocultistas, era a Corrente ou Fluido Universal ou Retorno
ou ainda, Renovação Perpétua.
A Serpente, tida
como aquela que traiu Adão, nada mais fez senão chamá-lo à razão,
tirando-o do estado de êxtase em que vivia. Ela deu a Adão o
conhecimento da realidade. Uma vez que sozinho Adão não aprenderia
nada, ela fez com que ele provasse o fruto da árvore da vida, a árvore
do bem e do mal. Deu a Adão o conhecimento da verdadeira vida. Assim,
Adão foi iniciado na Ciência do Bem e do Mal.
O símbolo
material e espiritual do Avental
A palavra profano é a união de outras duas: pro que significa
fora, ou antes, e fanum, que significa templo ou sagrado. Assim, profano
seria aquele que está fora do Templo. Este termo foi adotado pelos
Antigos Mistérios para designar os ,estranhos e na Maçonaria,
significa os não iniciados.
Na Maçonaria o
profano já admitido é denominado Neófito e toma conhecimento de
coisas que jamais pensou existirem. É um verdadeiro Adão; abre-se para
ele todo um mundo novo. O Neófito recebe, além de muitos ensinamentos,
já por todos conhecidos, um avental branco e sem adornos, cor que
representa a pureza da alma que deverá possuir.
O avental é
quadrado, o que simboliza a base do cubo e também o número 4, a matéria.
A abeta é triangular, simboliza o número 3, o espírito. A s ma destes
dois números é 7, o número perfeito de Deus. O Grande Arquiteto abençoou
e amou o número 7 mais do que todas as coisas sob seu Trono: o que
significa que o homem, o sétuplo ser, é a mais dileta de suas obras.
No avental do
Aprendiz, a abeta levantada tem mais de um significado. O mais comum
afirma que é porque o Aprendiz não carrega ali suas ferramentas. Um
outro diz que era para proteger o Aprendiz quando carregava pedras junto
ao seu peito. Ambos são significados materiais. Há, no entanto, o
significado místico, oculto e esotérico, que diz que a abeta
levantada, triangular, parte espiritual, ainda não se afinou com o
quadrado, parte material. Por isso estão separadas pelo cordão, que
também divide o corpo de quem usa o avental. Da cintura para baixo está
a parte procriadora, material. Da cintura para cima está a parte
sensitiva, espiritual, que guarda os centros de forças ou Chakras,
Rodas ou Plexos, de acordo com o que ensina- a anatomia e a fisiologia
dos hindus. A Bíblia, o Livro das Ciências Sagradas, nos ensina muitas
coisas mais sobre o avental.
Conhecimento Secreto da Simbologia
O Aprendiz progredindo nos estudos do seu grau toma
conhecimento dos segredos da Maçonaria. Recebe a luz dos conhecimentos
Maçônicos por meio de SS. TT. e PP. que ele jura jamais revelar a estranhos.
O S. é um dos meios de reconhecimento entre os Maçons. O S. de
Aprendiz é o único universalmente conhecido e por isso denominado S.·.
Universal, chamado, também, S.·.
Gut.·. pelos motivos que só os Maçons
conhecem. Deverá ser executado somente dentro de um Templo Maçônico.
Já o T. do aprendiz tem suas variações dependendo do Rito que a Loja adote.
A P. S. que jamais
deverá ser pronunciada por inteiro e em voz alta, deverá ser dada
somente por L.·. e S .·. ao ouv.·.
a começar pelo esq. executado somente
dentro do Templo Maçônico A Mar. do Aprendiz leva-o do ocidente para o
oriente, das trevas à luz, do mundo objetivo dos sentidos para o mundo
subjetivo do espírito.A cada pas.·.
opera-se um avanço cada vez maior e
iniciado com o P.. esq. o mais próximo do coração. Indica que toda a
atividade e progresso do Maçom devem inspirar-se na lei do amor, a mais
poderosa força do Universo. A união dos PP.·.
em ang.·.
reto, ao final de
cada um dos PPas.·.
da mar. simboliza as três qualidades morais que devem
caracterizar a conduta do Aprendiz: Retidão, Decisão e Discernimento.
Executando a mar. em linha reta, com os PP. em esquadria,
o Aprendiz dirige-se para a Esc.·.
de Jacob, símbolo relacionado com a
Iniciação e a Evolução.
O DESLIGAMENTO DAS COISAS DA MATÉRIA
Nos primeiros degraus da Esc.·.
o Aprendiz encontra uma Cruz, que
representa a Fé, e que significa os sentimentos de confiança de
certeza e a convicção da existência do Grande Arquiteto do Universo.
Isto vale dizer que a Fé, para nos Maçons, não é apenas crença. A
Verdade Maçônica não é dogmática. Fé é a crença na existência
de coisas não vistas, mas reconhecidas pelos sentidos, pela inteligência
e pela razão. O Maçom fortifica sua Fé, com o sentimento e o juízo,
porque o ajuda a discernir o justo do injusto, o verdadeiro do falso e o
bem do mal. A Fé é a luz brilhante do nosso espírito, que nos ilumina
nas mais difíceis situações de nossa vida. É o movimento alterado
entre o crer e o saber. No centro da Esc.·.
o Aprendiz encontra a Ancora,
símbolo da esperança. Ela sugere ao Maçom a segurança que se pode
alcançar com as possibilidades objetivas e não com elementos baseados
na superstição e fantasia.
Esperança é a
aspiração da alma humana até o infinito, a convicção das coisas
esperadas, uma energia sempre renovada, que nos impulsiona no
cumprimento dos nossos deveres, dando-nos uma fortaleza moral que nos
abriga de todos os perigos e aflições.
Esperança é a
luz brilhante que surge nas trevas dos infortúnios, coexiste com a fé
e dela não pode separar-se jamais.No alto da Esc.·.
o Aprendiz encontra
uma lâmpada antiga ou cálice, o Graal, que simboliza a caridade, o
verdadeiro amor ao próximo, cuja prática está na disposição de
auxiliar seu semelhante, secretamente e sem humilha-lo
A caridade é a
base da lei Maçônica, a primeira das virtudes e o amor sagrado da
humildade. No coração do Maçom é um sentimento inato, puro, que
nasce espontaneamente, cresce e se eleva ao mais sublime ideal: ama teu
próximo como a ti mesmo. A caridade é benigna, é sofredora, não é
invejosa, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta
com indecência, não busca o interesse, não se irrita. Ela tudo sabe,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Acha-se infiltrada em nossos espíritos
e gravada sem nossos corações, porque é a base da fraternidade.As tr6
virtudes, Fé, Esperança e Caridade, encontradas na Esc.·. de Jacob,
levam-nos ao topo da mesma, onde encontramos uma Estr-. de 7 pontas, que
representa a perfeição moral ' a verdadeira sabedoria, só entendida
pelos Mestres.A alegoria da Esc.·.
de Jacob sugere o verdadeiro caminho
iniciático da perfeição. É o caminho do céu, que pode ser
interpretado como o estado de elevação mental equivalente ao da
Ataraxia dos filósofos da Grécia antiga. Ataraxia vem a ser tranqüilidade
total, serenidade estóica, impassividade perante o infortúnio,
desligamento das coisas da matéria.
As três
luzes emblemáticas.
Após receber a última instrução do seu Grau, o Aprendiz será
examinado entre CCol..·.. e, pela demonstração de seus conhecimentos,
fará jus ao Aum.·.
de Sal.·.. isto é, maior instrução em grau
superior. Na sua Mar. "' das trevas para a luz, encontra diversos símbolos,
entre os quais os que chamamos de as três grandes luzes emblemáticas
dentro de uma Loja, que são: o Esq. o Comp.·.
e o L.·.. da L.·.
que devem
estar sempre, sobre o A. dos Jur.·.
em Loja aberta". O comp.·.
(espírito)
encontra-se coberto pelo Esq. (matéria) significando que, no Aprendiz,
ainda matéria bruta, o espírito ainda não conseguiu libertar-se do
domínio da matéria.
A Bíblia, ou L.·.
Sagr.·.
ou U.·.
da U.·.
ou Volume de Ciência Sagrada, deve ser encarada não
somente como o livro das religiões judaica ou cristã, e sim, como um código
de moral e de consciência. A Bíblia é, na verdade, a expressão mais
transcendental da Quinta Essência e o maior monumento moral produzido
pelo homem. Basta verificar que nenhum código místico chegou à concepção
transcendental do Deus Uno, Causa Primária, Criador Incriado, Perfeição
Suprema, Sabedoria e Justiça Infinitas, Onipresença e tudo quanto se
resume na denominação Maçônica de Grande Arquiteto do Universo.
Ir.·. Antônio Gomes da Costa |