A cerimônia maçônica
da pedra angular, assim como os costumes complexos, têm evoluído ao
longo dos anos, em seus usos. É muito fácil para os sonhadores
imaginarem o Rei Salomão, usando nossos atuais rituais, lançando a
pedra angular do Templo que construiu em Jerusalém, mas isto não
aconteceu.
O lançamento maçônico
da pedra angular apareceu, pela primeira vez, em meados do ano de 1700
e, em menos de cem anos, evoluiu em sua forma definitiva, excetuando-se
algumas modificações gramaticais insignificantes.
O mais antigo
documento de um lançamento formal e oficial de uma pedra angular é da
cerimônia realizada na enfermaria real de Edimburgo pelo Conde de
Cromarty, Grão-Mestre dos maçons escoceses, no dia 2 de agosto de
1738. A descrição deste evento foi registrada sessenta e seis anos
mais tarde, em 1804, por Alexandre Lawrie em sua obra "História da
Franco-Maçonaria". Lawrie descreveu uma cerimônia simples e
primitiva. "Quando a sociedade chegou ao local, o Grão-Mestre e
seus Irmãos livres e aceitos maçons, rodearam a construção, em
cadeia de mãos dadas; o Grão-Mestre, em companhia dos administradores
da enfermaria real, se dirigiram para o ângulo leste da construção,
onde estava a pedra, colocou a mesma na escavação feita e depois que o
muito honorável Lord Preboste tinha colocado uma medalha, então foram
dadas três batidas com um malhete de ferro, que foram sucedidas por três
toques de clarins, três aclamações de "hurra" e seguidas de
três batidas com a palma da mão".
James Anderson se
refere a uma similar e simples cerimônia ocorrida em 19 de março de
1721, em sua obra "Constituição dos Franco-Maçons", de,
1723. No entanto, a Grande Loja da Inglaterra aparentemente não estava
envolvida. A cerimônia foi a seguinte: "O Bispo de Salisbury,
caminhando em uma procissão ordenada, tendo nivelado a primeira pedra,
deu duas ou três batidas com o malhete, após isto soaram os clarins e
uma vasta multidão fez em alto som, aclamações de alegria, quando após
um Lord colocou em cima da pedra uma bolsa contendo 100 guineus como um
presente de Sua Majestade para ser usado pelos artífices".
Os dois
acontecimentos acima mencionados indicam que o procedimento era simples.
O único ponto em comum nas duas cerimônias foram as batidas na pedra
com um malhete. Nas décadas seguintes, o ritual evoluiu de uma maneira
que se assemelhou com a forma moderna de procedimento. Em 1772, William
Preston publicou sua obra "Ilustrações sobre Maçonaria",
que apresentava uma versão oficial das leituras, formas e cerimônias
da Loja. Preston baseou o seu livro nas práticas nas Lojas da
Inglaterra. Vinte e cinco anos mais tarde, em 1797, Thomas Smith Webb
publicou a obra" O Monitor do Franco-Maçom", adotando sua
versão sobre Preston para a Maçonaria norte-americana.
A cerimônia do
lançamento da pedra angular de Preston em 1772 e a de Webb em 1797 são
simples. Ainda assim evoluíram em comparação às descritas por Lawrie
e Anderson.
Preston limitou a
assistência aos membros da Grande Loja, enquanto Webb considerou bem
vindos os membros das Lojas. O ritual de Webb mostra a introdução do
trigo, vinho e azeite, e mostra a autenticidade da pedra e a hoje
universalmente aceita aprovação do Grão-Mestre "que a pedra é
bem formada, verdadeira fidedigna".
Ambos, Preston e
Webb seguiram a generosidade do Rei Jorge para com os artífices,
seguindo-se uma coleta voluntária para os mesmos, virtualmente todos os
rituais subseqüentes requerem uma similar coleta. Esta generosidade
pode ser baseada na descrição em Ezra 3:7, quando da preparação para
o segundo templo de Jerusalém e que cita o seguinte: "Deram, pois,
aos cortadores e artífices, como também comida e bebida, e azeite aos
sidônios, e aos lírios, para trazerem do Líbano madeira de cedro ao
mar para Jope, segundo a concessão que lhes tinha feito Ciro, Rei da Pérsia".
A pedra
fundamental do Capitólio dos Estados Unidos foi colocada em 1793. Esta
data fica entre a primeira publicação de Preston, em 1792, em Londres,
e a primeira edição de Webb, em 1797, em Albany, nos Estados Unidos. O
livro de Preston "Ilustrações sobre a Maçonaria" certamente
não era só do conhecimento, mas provavelmente também estava na posse
dos maçons que planejavam a colocação da pedra fundamental do
Capitólio.
Mais familiar para os planejadores era, se dúvida, o livro de John K.
Real, "Novo Ahiman Rezon'', publicado em Richmond em 1791,
portanto, dois anos antes do evento no Capitólio. O livro de Read foi
publicado como um guia para as Lojas da Virgínia e com uma dedicatória
para "George Washington, Esq. Presidente dos Estados Unidos da América",
porém não continha instruções sobre a colocação da pedra
fundamental.
Há uma evidência
circunstancial que os procedimentos usados por George Washington eram
mais parecidos que os mencionados por Webb do que os de Prestou. Os diários
que, naquela data, escreveram sobre o evento, mencionam que o trigo,
vinho e azeite foram colocados sobre a pedra, depois que tinha sido
colocada no lugar. Outrossim, a Loja Alexandria Washington Nº 22 possui
um triângulo de madeira e uma régua em T da cerimônia de 1793, que
provavelmente foi usada para verificar simbolicamente que a pedra estava
perfeita.
Sucessivas gerações
de escritores maçons procuraram modificar a ritualística. Cada novo
monitor apresenta improvisações do seu autor. Muitas vezes estes
livros refletem o peculiar desenvolvimento do ritual maçônico de
acordo com a região do Oais.
A cerimônia do
lançamento da pedra fundamental, entretanto, tem sofrido pouquíssimas
modificações de autor para autor ou de região para região. Webb s
usa da sagração com trigo, vinho e azeite junto com a bênção que
começa com a expressão: "Fossa o todo generoso autor da
Natureza...". Foi adotado praticamente em todos os Estados Unidos.
Um pequeno sumário
nas mudanças da cerimônia do lançamento da pedra fundamental ou
angular de alguns dos monitores maçons mais populares nos dá um
sentido da evolução havida. Em 1819, Jeremy Ladd Cross publicou The
True Masonic Chart of Hieroglyphic Monitor", que em sua essência
foi o livro de h acrescentando apenas gravuras originais, ilustrações
usadas pela primeira vez, não contendo nenhuma mudança do livro de
Webb. Em 1826, Samuel Cole editou o livro "Freemason s Library",
que não difere praticamente em nada do livro de Webb ou de Cross.
Unicamente que Cole é o único escritor que omite a coleta do dinheiro
para os trabalhadores.
A convenção de
Baltimore, em 1843, foi a maior tentativa realizada para produzir um
ritual maçônico uniforme para os Estados Unidos, mas este esforço
fracassou. Charles W Moore editou o "The Masonic Trestle-board"
em 1843, seguindo o ritual que não fora aceito ria Convenção. As
mudanças mais significativas que implantou foi a recomendação de
hinos que deveriam ser cantados no desenrolar da cerimônia. Com a não
aceitação do ritual, John Dove editou em 1846 o "The Virginian
Textbook", corrigindo supostamente os erros encontrados no livro de
Moore. Dove e Moore concordaram nas partes mais essenciais da cerimônia
do lançamento da pedra angular, entretanto, recomendavam o canto de
hinos diferentes.
Albert G. Mackey
foi um dos mais produtivos e bem sucedidos escritores maçônicos do século
XIX (assim mesmo suas teorias sobre a origem da Maçonaria são
totalmente rejeitados pelos historiadores maçons sérios de hoje em
dia. O livro de Mackey, "Manual of the Lodge", de 1862, fez três
importantes adições na cerimônia e que essencialmente trouxeram a
evolução para as práticas da cerimônia atual. Em primeiro lugar, há
breves falas do Deputado do Grão-Mestre, do Primeiro Grande Vigilante e
do Segundo Grande Vigilante, respectivamente explanando e apresentando
ao Grão-Mestre o trigo, o vinho e o azeite. Em segundo lugar, Mackey
introduziu a usual saudação para os assistentes, quando o Grão-Mestre
diz "Que seja do conhecimento até para vós de que somos maçons
legais, verdadeiros e fiéis e cumpridores das leis de nosso país...".
Não se sabe porque Mackey achou necessário introduzir esta defesa da
Maçonaria. E em terceiro lugar, Mackey colocou a pedra no lugar com três
movimentos distintos.
Daniel Sickels foi
um outro escritor maçom prolífero e contemporâneo de Mackey. Ele
editou "The Freemasons Monitor", em 1864, e escreveu "The
General Ahiman Rezon and Freemason s Guide", em 1855. Sua cerimônia
de lançamento da pedra angular é mais elaborada do que a simples forma
de procedimento de Preston de 1772. Antes que o Grão~Mestre, Sickels
coloca três Grandes Oficiais subordinados, o Deputado do Grão-Mestre,
Primeiro Grande Vigilante e Segundo Grande Vigilante, examinam a pedra
angular com as jóias de seu cargo, o esquadro, o nível e o prumo,
respectivamente. O Grão-Mestre serenamente declara a pedra "bem
formada, verdadeira e de confiança". O trigo, o vinho e o azeite não
são somente apresentados pelos três Grandes Oficiais, mas também não
são somente apresentados pelos três Grandes Oficiais, mas também são
espalhados por eles com uma explanação mais detalhada sobre o
simbolismo da cerimônia. Sickels segue Mackey com o discurso do Grão-Mestre
defendendo a Maçonaria.
Ir.·. Kurt Max Hauser |