Conta-se que ao se
realizar uma Cadeia de União, um triângulo de fogo pairou no ar indo
do Altar do Venerável aos Altares dos Vigilantes e que todos os
presentes testemunharam este estranho fenômeno.
Os Irmãos
procuraram o Grão-Mestre, o qual também um tanto quanto incrédulo e
sem saber como agir e opinar a respeito solicitou que anotassem tudo em
uma ata, muito bem circunstanciada, onde fossem relatados todos os
pormenores e que ela fosse bem lacrada, para que na posteridade ela
pudesse ser finalmente aberta e lida à luz de novos conhecimentos científicos,
quando se teria uma explicação aceitável para um fenômeno que agora
parecia ser fantástico e sobrenatural.
O Grão-Mestre em
suas visitas às Lojas de sua Obediência, mencionava esta ocorrência.
Existe na ata da Loja Regeneração 3ª de Londrina, na Sessão de
Aprendiz do dia 23/11/1967 registro do suposto fato acontecido.
E agora o que
pensar e opinar um Irmão que pensa e age na Ordem mais em função de
provas, de documentos, de axiomas, não aceitando sofismas, nem dogmas,
nem crendices? Seria este fato uma mistificação? Brincadeira de mau
gosto? Hipnose ou alucinação coletiva? Mentira? Será que relataram o
fato ao Grão-Mestre tal qual ele aconteceu? Como seria o triângulo de
fogo?
Entretanto, se uma
comissão de Irmãos procura um Grão-Mestre e relata uma situação
como esta, alguma coisa deve ter acontecido. Uma mentira pura e simples
é pouco provável, porque os Maçons por uma questão de disciplina
respeitam, o seu chefe o qual, por pior que seja a sua gestão, o seu
cargo tem e sempre terá o respeito devido a um sereníssimo.
Entretanto, os Irmãos podem ter exagerado nos detalhes.
Vamos admitir,
jogando para a área do "fantástico" que tal fato tenha
realmente acontecido, qual seria a sua explicação?
Em primeiro lugar
teríamos que pensar se houve uma alucinação coletiva ou um fato
inexplicável. Não esqueçamos que em Fátima, Portugal, quando das
aparições de Nossa Senhora em uma delas, mais precisamente em 13 de
Outubro de 1917, conforme a Santa havia prometido três meses antes, à
pequena
vidente Lúcia de
dez anos que aconteceria um milagre, os cristãos lá presentes, em número
mais ou menos de cinqüenta mil viram o Sol mudar de cor e girar sobre
si mesmo. Este episódio está relatado em inúmeros livros religiosos e
científicos. Apesar de fantástico, não há como negá-lo. Se houve
alteração da mente dos presentes naquele momento, se houve alucinação
coletiva, se a Igreja afirma ter sido um milagre, mais conhecido como o
"Milagre do Sol" não nos importa. O fato é que aconteceu um
fenômeno inexplicável e foi testemunhado por milhares de pessoas.
Da Parapsicologia
sabemos que o GADU, segundo uns, ou a própria Natureza segundo outros,
teria dotado certas pessoas de talentos do inconsciente, os quais
independem de religiões, de crenças, de dogmas de ser agnóstico
materialista ou não. Certas pessoas, simplesmente nascem assim com
estes poderes mentais. Estes "poderes, nada têm de sobrenatural,
pois estão sendo explicados como sendo qualidades próprias do Homem e
que certos indivíduos têm a capacidade de fazê-los vir à tona ou de
torná-los "visíveis" aos olhos de pessoas com as quais se
inter-relacionam. Como são tidos como fantásticos, a impressão que
causam nos circunstantes sempre será de um fenômeno sobrenatural. 0
tempo dirá que estes fenômenos são mais naturais do que imaginamos.
Eles somente existem onde está presente o Homem, eles apesar de serem
espontâneos são em realidade criação de sua mente.
Dentro deste
raciocínio e devidamente comprovado em laboratórios de estudos
parapsicológicos e afins, veremos
que alguns destes
dotados têm a capacidade de exteriorizar uma energia que a chamaremos
de telergia. Existem outras definições para este tipo de manifestação
paranormal, mas ficaremos com o termo telergia. Poderíamos defini-la
como uma força psicofísica, cuja manifestação é evidenciada fora do
corpo e que depende do inconsciente, é condensada, podendo tomar as
mais variadas formas, e que a mente poderá moldá-las. Ela se inicia
como uma nebulosidade disforme, que vai se condensando para finalmente
tomar formas. É o que se chama de Parapsicologia de Ectoplasma. Não
estaremos
enfocando o
ectoplasma da Biologia que como todos sabem é a parte externa do
citoplasma que envolve a célula, mas do Ectoplasma que é estudado na
Parapsicologia, onde existe para ele uma série de sinônimos.
A exteriorização
desta energia e a formação de imagens externas modeláveis foram
descritas pela primeira vez por Schrenck-Notzing, que a chamou de
teleplastia. Este fenômeno foi muito usado por certos dotados sequiosos
de provar o impossível de maneira fraudulenta, isto é, fraudavam o fenômeno
utifizando-se de uma série de truques. Mas, apesar destas fraudes, o
fenômeno existe. Centenas de experiências científicas sérias o
comprovaram.
0 ectoplasma
quando está se formando, numa primeira fase aparece a condensação da
telergia, que se assemelha a um fluído ou então uma tênue radiação
humana. Neste estado inicial só será perceptível esta condensação
mediante técnicas especiais e contando-se com aparelhos bastante sensíveis,
para aferir o fenômeno. 0 ectoplasma poderá
manifestar uma força
muito intensa. Segundo o Dr. Crawford, cientista e um grande estudioso
destes fenômenos, em suas experiências, notou que nos fenômenos de
ectoplasmia, a psicocinesia, ou seja a capacidade da mente de mover
objetos, estava muito aumentada e esta força se manifestava como se
agisse através de uma alavanca.
0 ectoplasma será
sempre reabsorvido pelo organismo do dotado. Quando se pretende agarrá-lo
entre as mãos ele se desvanece. Ele é uma energia transformada e não
um composto químico. Como já foi frisado ele é maleável e tomará a
forma de figuras, mas jamais estas figuras serão perfeitas. São até
certo ponto, rudimentares.
A energia que está
sendo exteriorizada, não perde o vínculo com a pessoa que a está
produzindo. Cessando o fenômeno ela voltará ao dotado.
De acordo com
modelagem do ectoplasma fornecido pelo dotado ou sensitivo, como querem
alguns, temos segundo os autores, vários tipos de figuras que se tornam
visíveis aos expectadores e que se enquadrariam na seguinte divisão:
a)
Ecto-colo-plasmia, que seria a formação modelada de membros ou partes
de pessoas animais ou objetos, isto é, não se formaria o todo e sim
apenas segmentos
b) Fantasmogênese
que consistiria na formação completa de um "fantasma" de
pessoa, animal ou objeto. Este "fantasma" teria uma certa
consistência material, seria transparente, pouco peso e não se
trataria de uma "materialização". Quando citamos a palavra
fantasma estamos mencionando a definição dos dicionários de que se
trata de uma imagem ou aparência ilusória e não dos fantasmas que
tanto metem medo em muitas pessoas.
c) Transfiguração,
que seria a modificação do próprio corpo do dotado, o qual seria
revestido pelo ectoplasma parecendo a quem o vê, como sendo outra
pessoa isto é, o ectoplasma envolveria o indivíduo que emite a
telergia, fazendo com ele pareça ser outro ser.
Alguns autores
defendem ainda um quarto tipo de ectoplasmia e colocariam neste item as
chamadas materializações, as quais seriam a reprodução perfeita de
um novo ser, com movimentos, expressões, fala, respiração, peso etc.
Entretanto este fenômeno não tem respaldo na Parapsicologia científica.
Ele não é admitido pela Parapsicologia Moderna.
Em torno dele
muito se falou, se escreveu e muito se fraudou. Houve muita celeuma,
muito fenômeno não comprovado. Segundo os defensores desta tese está
provado que o dotado não pode reproduzir um novo ser perfeito. O próprio
conceito teórico de materialização não se pode admiti-lo. Para que
ocorra a dita materialização teria que se supor que o sensitivo ou
dotado seja todo ou quase todo desmaterializado, o que lhe traria como
conseqüência a sua própria morte, pois ele daria origem a um novo ser
feito de matéria igual à sua. Isto seria impossível. Já a fantasmogênese
a transfiguração e a ecto-colo-plasmia são feitas de matéria tênue
e fluida e o dotado permanece como fonte de energia sem ter que
desaparecer para dar lugar a outro ser, materializado. Autores mais
modernos admitem que a s materializações seriam uma aparição mais
densa, sendo na realidade uma fantasmogênese. A fantasmogênese teria
uma aparência mais sutil, imperfeita, sem vida, que às vezes pode ser
mais densa confundindo-se com um novo ser, razão pela qual os
defensores das materializações afirmam que o novo ser é sólido, tem
vida e é perfeito. O fato, deste ser parecer ter vida, sendo digamos
assim uma pessoa nova, autônoma com pensamentos próprios seria
explicado por impulsos psíquicos que o dotado emite inconscientemente
para a aparição que ele criou mentalmente.
Estamos tentando
dar uma explicação dentro daquilo que a Ciência tem em mãos
atualmente. Mas longe de sermos donos da Verdade, temos a convicção de
que o assunto é muito polêmico e a nossa tentativa de explanação
pode estar sendo falha. Não foi dada a última palavra sobre o assunto,
pois se um lado um grupo de cientistas admite que os fenômenos
paranormais são tão somente inerentes ao Homem e à sua mente, outro
grupo de religiosos admite que nessa parafernália toda entra em questão
a participação dos espíritos dos mortos e aí os confrontos de idéias
travados pelos defensores destas duas tendências são muito grandes e
irreconciliáveis.
Se o fenômeno ocorrido na Loja citada no início deste trabalho, que
declinaremos o seu nome, bem como o nome da cidade, realmente aconteceu
conforme o Grão-Mestre de então relatou em inúmeras lojas de sua Potência,
há condições de uma provável explicação.
Entretanto se não aconteceu, poderia ter acontecido, pois não seria a
primeira vez que fenômenos equivalentes, não necessariamente triângulos
de fogo, ocorreram em lojas, igrejas, templos, residências, locais
fechados ou abertos e etc...
Quando ocorrem situações inusitadas, diferentes e intrigantes é mais
fácil calar-se do que ter a coragem de se discutir o fenômeno à luz
da razão.
Por esta razão, quando nas Lojas ocorre algo diferente, pratica-se com
muita eficiência a lei do silêncio. É mais fácil esconder fatos os
quais apesar de estranhos, são naturais e colocá-los sob a égide do
ocultismo ou de religiões afins do que procurar sua explicação científica.
Bem, vamos considerar que o fenômeno tenha realmente acontecido.
Não seria a primeira vez que a Parapsicologia trataria deste tipo de
ocorrência. No caso foi um triângulo de fogo, mas poderia ser qualquer
outro objeto, animal ou até pessoa.
Consideremos que no Templo em que a Loja se reuniu, naquele determinado
dia e hora estava tudo muito tranqüilo, todos os Irmãos bem relaxados,
não estavam levando seus problemas particulares para a Sessão, e nem
havia animosidade entre eles. Neste ambiente descontraído, com a
iluminação não muito intensa, todos estivessem vibrando no mesmo
comprimento de onda de energia.
No momento em que foi realizada a Cadeia de União, os Irmãos ao
darem-se as mãos conforme preceitua o Ritual, armazenaram uma grande
quantidade de energia psíquica, formando uma verdadeira bateria ou
central de energia. Um dos Irmãos presentes seria dotado ou sensitivo,
que naquele momento mentalizou um triângulo radiante ou dourado, de que
tanto se fala na Ordem, e que pela sua telergia fez com que uma figura
ectoplasmática triangular se projetasse no ar e que possivelmente pela
sua cor deu a impressão de ser um triângulo de fogo, logicamente pela
semelhança. E claro que cada expectador terá uma versão que poderá não
ser exatamente a mesma do Irmão ao seu lado. Mas, todos viram tratar-se
de um triângulo que ia do Altar do Venerável aos Altares dos
Vigilantes. Foi assim que aconteceu? Não podemos afirmar. Apenas
estamos tentando analisar os fatos que chegaram ao nosso conhecimento e
tentar dar uma explicação plausível dentro dos atuais...
Dentro das várias modelagens da ectoplasmia, poderíamos enquadrar o
tal triângulo de fogo no fenômeno da fantasmogênese, pois o objeto
formado, no caso teve a sua forma completa, ou seja a de um triângulo.
Quanto ao fogo, este em realidade não pode ter existido, pois na
fantasmogênese o que se vê não é real. Logo, seria uma aparição
semelhante ao fogo, tal qual o conhecemos sem queimar, ou produzir
aquecimento.
Ressalte-se que tal fenômeno jamais se repetiu naquela Loja. Também não
sabemos se a tal ata sugerida pelo Grão-Mestre tenha sido elaborada.
Parece que naquela cidade, dado o fantástico acontecimento,
instituiu-se um pacto de silêncio entre os Irmãos.
Mais uma vez, gostaríamos de frisar que se de fato aconteceu o que nos
foi relatado, nada tem a ver com os nossos princípios e leis. Tudo será
sido obra do psiquismo humano, da quase insondável e misteriosa mente,
tão estudada nas últimas décadas e que pouco se descobriu sobre ela,
mas que as conseqüências de suas manifestações inexplicáveis que
chamamos de paranormalidade às vezes pouco compreensíveis para nós no
momento atual, serão um dia explicadas com muita transparência e serão
catalogadas como fenômenos naturais.
Ir.·. Hercule Spoladore * |