Convidado pelo Grão-Mestre
Geral Adjunto do GOB a ler o livro A Maçonaria e a Igreja Católica
"Ontem, Hoje e Amanhã Edições Paulinas, de autoria de J. A. E
Benimelli, C. Caprile e V. Alberton, me vi também na obrigação de ler
o livro do maçom A. Campos Porto, "A Igreja Católica e a Maçonaria",
Editora Aurora. Trata-se de duas obras de valor histórico, a primeira
escrita por três padres jesuítas, a segunda por um erudito maçom.
Dois livros que recomendo a todos os maçons lerem.
Ao término da
leitura das duas obras, cheguei à conclusão de que a Igreja Romana e a
Maçonaria, zelando fervorosamente por seus princípios, não
interpretaram ao pé da letra as decisões dos últimos documentos sobre
as duas Ordens.
Vejamos o que diz
a relação cronológica que segue dos últimos; documentos eclesiais
referentes à Maçonaria:
1 - Decisão da Conferência Episcopal Escandinavo-Báltica - Suécia,
Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia - 21-23/10/1966 e sua
interpretação autêntica por Doni Jolin Gran, secretário da Conferência
de 08/06/1968, permitindo que maçons convertidos permaneçam na Maçonaria.
2 - Comunicação
do Serviço de Imprensa da Santa Sé acerca da Maçonaria não mudou.
3 - Nota do
Secretariado Geral do Episcopado Francês "A todos e a cada bispo,
de 0711967: como a Grande Loja Unida da Inglaterra e as controladas por
ela não maquinam, contra a Igreja e os poderes legítimos, não
incorrem na pena cominada no cânon 2.335, tendo em vista a Instrução
do Santo Ofício de 10/05/1884, destina a fixar a interpretação a ser
dada às reiteradas condenações de Leão XIII, na enc. Humanus Genus,
a antimaçonaria como credulidade humana.
4 - Carta da
Sagrada Congregação para a doutrina de Fé, de 30/05/1973, torna a
confirmar que a disciplina da Igreja com relação à Maçonaria
permanece a mesma.
5 - Carta da mesma
Sagrada Congregação, de 19/07/1974, concedendo "que se pode
seguramente ensinar que o cânon, 2.335 afeta somente os católicos
inscritos em Associações que, de fato, conspiram contra a
Igreja".
6. Resposta da Cúria
de Nova York, de 24/09/1974, a uma consulta: "ao inscrever-se alguém
na Maçonaria não incorre em excomunhão a não ser que a Loja seja
anticatólica ou anticlerical".
7 - Conclusão da
Assembléia Plenária dos Episcopados da Inglaterra e Gales, de
11-14/11/1974, concedendo ao católico que sinceramente acha que
permanecer a Maçonaria não entra em conflito com sua fé cristã, pode
se por em contato com seu próprio bispo para regularizar sua situação.
8 - Resolução da
14ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de
27/11/1974, que é provisória: "A Igreja esta disposta a rever a
sua posição com reação à Maçonaria".
9 - Resposta da
Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé à Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil, de 12/03/1975, determinando que para se verificar
se uma associação maçônica não conspira contra a Igreja, basta dar
fé aos que nela estão inscritos e que não se pode julgar o todo por
um ou outro de seus componentes".
10 - Resposta da
mesma Sagrada Congregação à Conferência Episcopal de São Domingos,
de 05/04/1975, confirmando que a Carta de 19/07/1974 é válida para
toda a Igreja.
11 - Nota da Conferência Episcopal de São Domingos, de 29/01/1976:
"não existe em si incompatibilidade, entre o ser católico
praticante, e ser filiado a uma associação maçônica ou similar, a não
ser que se trate de uma associação concreta que exija ações,
atitudes ou mentalidade contrarias à fé cristã ou à Igreja".
12 - Declaração
da Conferência Episcopal alemã, de 28/04/1980, afirmando que há
incompatibilidade entre a fé católica e a maçônica.
13 - Declaração
da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, de 17/02/1981,
comunicando que permanece em vigor a atual disciplina da Igreja com relação
à pena de excomunhão aos maçons e que não era intenção da Congregação
confiar às Conferências Episcopais o pronunciar-se, publicamente, com
um juízo de caráter geral sobre a natureza das associações maçônicas,
que implique derrogação das mencionadas normas, as dadas na Carta de
19/07/1974, isto é, que o cânon 2.335 só afeta os católicos
inscritos em associações que, de fato, conspiram contra a Igreja.
14 - Resolução
da XVIII Assembléia Ordinária do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), 1721/03/1981,
embora apenas determine que "se estude a
presença e a ação da Maçonaria nos países da América Latina é
importante porque foi aprovada pó 64 bispos contra apenas 3".
15 - Declaração
da Sagrada Congregação para a causa dos Santos, conforme L Osservatore
Romano, ed. port de 27/10/1981: esclarece a questão de notícias que
aparecem na imprensa, segundo as quais o mártir João Maria Gallot
(1747-1794), que a Igreja pôs sobre os altares, teria pertencido à Maçonaria.
"Acreditamos
que dentro das diretrizes atuais que norteiam a conduta da Igreja Católica
Apostólica Romana frente às outras Igrejas e à maçonaria somando-se
a isso a conjuntura nacional e internacional as novas dimensões de
compreensão e de tolerância mútuas hoje existentes num futuro muito
próximo veremos o Ordem Maçônica, detentora e guardiã das tradições
milenares dos Antigos Mistérios, perfeitamente enquadrada na comunidade
e na sociedade, contribuindo, com sua maior ou menor grandeza para a
vida comunitária e para o aperfeiçoamento, sempre maior da comunidade
e da humanidade em geral".
"Todos
aqueles que, influenciados pelo clero, dizem ser o maçom um ateu,
incorrem em um erro crasso.
A Maçonaria,
embora reconhecendo o Grande Arquiteto, não impõe nenhum credo aos
seus filiados, embora exija que professem algum. Prova disso é o fato
de materialistas famosos (não confundir materialista, com ateísta)
terem sido maçons de grande projeção, como também, por outro lado,
adeptos dos mais variados credos.
"Augusto
Comte o grande iluminado que tanto trabalhou pela humanidade, o criador
da Filosofia Positivista, não era um ateu ou materialista como dizem os
padres pois que era um dos eminentes membros da Grande Loja de Paris.
Era maçom dos pés a cabeça" Do livro a Igreja Católica e a Maçonaria
pág 103 3ª edição.
O que a Maçonaria
exige, como organização moralista, é a elevação de princípios do
indivíduo, pois se a humanidade não tiver sólidas bases na dignidade
do homem, a evolução estará comprometida e, assim, a família e o
estado atingirão tais limites de corrupção que, em realidade, nada
mais representarão que o caos definitivo.
As religiões
deveriam ser o caminho que conduz a Deus, Algumas, talvez o fossem se os
seus praticantes não permanecessem subjugado,,, pela escuridão de
dogmas e axiomas, sobre os quais os seus mentores não toleram que
incida qualquer raio de luz. Tudo é passível de estudo e evolução;
se o sacerdote de qualquer credo se recusa a discutir e esclarecer
qualquer ponto obscuro da doutrina de que é apologista afirmando que
tal coisa é porque é, e não se comportam discussões, então teremos
retrocedido aos tempos de Galileu que bem caro pagou, mas não abjurou:
"e per si mueve..."
O que se pode
observar após ler-se esta relação cronológica dos últimos
documentos eclesiais referentes à Maçonaria?
Ora, pode-se,
seguramente, afirmar que o cânon 2.335 ensina que este cânon afeta
somente os católicos inscritos em associações que, de fato, conspiram
contra a Igreja, o que não é o caso da Maçonaria, uma ordem que não
faz distinção entre religiões, credos ou raças. O que interessa à
Maçonaria é a prática dos bons costumes, da moral e da razão. Enfim,
"viver as claras, viver para outrém", pugnando pelo
desenvolvimento da humanidade.
As leis da Igreja
Católica Apostólica Romana não afetam a ordem maçônica, nem as leis
maçônicas ferem os princípios da Igreja Católica Apostólica Romana,
ou a outra qualquer seita.
Diante de tudo
isso, o que interessa à humanidade é que haja paz entre os homens,
entendimento entre os povos, viver a liberdade dentro da ordem.
Que cada um viva
como bem, lhe convier, contanto que respeite o direito de outrem.
União e Respeito.
Respeito e União, para que todos VIVAM, VIVAM, VIVAM!
Enfim, meus Irmãos, esta é a Maçonaria que eu defendo e defenderei,
pratico e praticarei, enquanto forças houver na minha mente.
"Maçonaria e a Igreja Católica" versus
"Igreja Católica e A Maçonaria" Ontem, Hoje e Sempre
Ir.·.
João Lucas de Oliveira
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