A base da
Instituição maçônica é a fraternidade. Por isso reúne os homens em suas
Lojas, nas quais reinam a moral, a tolerância e a solidariedade. Porém, a Maçonaria
também dedica à família o melhor de suas atenções. E embora a mulher não
participe diretamente dos trabalhos maçônicos, não se pode dizer que não
lhes presta a sua colaboração, pois, enquanto os maridos se dedicam aos
trabalhos da Loja, as esposas se constituem em guardiãs do lar e dos filhos.
Os Maçons tributam, portanto, à mulher não somente o respeito que ela merece
como mãe, esposa, irmã e filha, mas também pela admiração a que tem direito
por ser o ornamento da humanidade, na qual tem exercido um grande papel
civilizador e propulsor do progresso dos povos.
A Maçonaria não admite, por tradição, as mulheres em suas Lojas como membros
ativos. Mas, em muitas Lojas, têm a seu cargo os trabalhos assistenciais da
Oficina , e espalham a seu redor o carinho, o amor ao próximo e todas as
virtudes peregrinas que formam os dotes da sensibilidade feminina.
Giz G. Huard (L’art Royal – p. 145) que no seu famoso discurso, datado de 21
de março de 1737, Ramsay justificou a exclusão das mulheres da Maçonaria,
alegando que a sua presença poderia alterar a pureza dos costumes.
Sabemos, no entanto, que os motivos são muito diferentes e remontam aos alvores
das sociedades humanas. No que se refere propriamente a instituição maçônica,
convém ter na devida conta que, ao ser fundada a Maçonaria Moderna , as suas
reuniões se realizavam em tavernas, as quais, por mais seletas que fossem, não
eram locais muito apropriados para as senhoras. Além da tradição da arte dos
pedreiros que excluía as mulheres da profissão, os clubes, então em grande
voga, só admitiam homens que se reuniam entre si para tratar dos seus negócios.
Os ingleses sempre gostaram dos clubs only for man (clubes somente para homens)
e a maçonaria nasceu na Inglaterra.
Esta regra, contudo, não foi expressa em palavras precisas em nenhum dos
“Antigos Deveres” (Old Charges), embora todos os regulamentos se refiram
apenas a homens e muitos deles, de forma alguma, poderiam ser aplicados a
mulheres. Os regulamentos corporativos proibiam o emprego das mulheres na indústria,
com exceção da viúva do mestre da oficina, e mesmo de sua filha.
A exclusão da mulher, na Maçonaria operativa, prendia-se, muitas vezes, ao
fato de a mulher operária daquela época, ganhando salário inferior ao homem,
tornar-se uma concorrente tão poderosa quanto nefasta, ou pelo menos assim
julgava uma sociedade que vivia atrofiada pela falta de mercados e de empregos.
Mas se a corporação deixava a mulher viúva ou filha órfã, do mestre,
continuar o negócio-privilégio do marido para poder manter-se e aos filhos, não
lhe permitia, contudo, aceitar aprendizes, por lhe faltarem conhecimentos
profissionais para instruí-los devidamente.
Sabe-se, porém, por meio das relações do imposto de capitação, da existência
de mulheres gesseiras, almofarizeiras , e mais raramente pedreiras. Não
obstante, Bernard E. Jones fala de várias viúvas que faziam parte da Companhia
de Maçons de Londres.
Somente em 1723, nas Constituições maçônicas é que, pela primeira vez, a
palavra “mulher” foi introduzida na lei. Diz-se, e de maneira explicita, que
“as pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e
verdadeiros... e não escravos, nem mulheres etc.”
Eliane Brault em La F.M. et l’Émancip. des Femmes (A Franco-maçonaria e a
emancipação da mulher) expõe os motivos dessa medida. Dizendo:
“Decretando desde a sua fundação que não aceitaria senão homens livres e
de bons costumes, a Maçonaria afastava os mercenários (o termo proletário não
existia ainda naquela época) como privados de liberdade, os assalariados
dependendo de um patrão, os judeus que não tinham ainda conquistado os
direitos de cidadãos, os comediantes e os artistas, que não eram considerados
como de bons costumes, já que o acesso à igreja lhes era proibido; a fortiori
era obrigada a afastar as mulheres, visto que as leis e os costumes as mantinham
em estado de menoridade e de subordinação” (pp. 12-13).
Apesar da Maçonaria Moderna excluir terminantemente as mulheres de qualquer
participação ativa na Loja, são conhecidas algumas narrativas de casos raros
de mulheres que receberam o Primeiro Grau. As narrativas referem-se a:
1. Sra. Aldworth (Elisabeth Saint-Leger - 1693-1773)
Conhecida na Inglaterra como a “Dama Maçom” teria sido iniciada, ainda
solteira, por volta de 1710. Era filha do 1º Visconde de Doneraile, do condado
de Cork, na Irlanda, casando-se, em 1713, com Richard Aldworth. Entretanto, não
há evidências documentais de que a Sra. Aldworh tenha sido efetivamente
iniciada no Primeiro Grau da Maçonaria.
2. Sra. Beaton:
Escondeu-se uma tarde no forro de madeira de uma Loja de Norfolk, na Inglaterra,
surpreendendo os segredos maçônicos. Foi então iniciada. Esta mulher, que era
chamada “o Maçom”, guardou o segredo até a sua morte em 1802. Não existem
evidências documentais que confirmem o fato narrado.
3. Madame de Xaintrailles:
Segundo a narrativa, que não cita a data em que se passou, o fato teria se
passado na Loja des Frères Artistes , em França, presidida pelo Irmão
Cuvelier de Trie, quando era celebrada uma Festa de Adoção.
“Antes da introdução dos membros femininos, os Irmãos abriam a Loja no
primeiro grau. Entre os visitantes que esperavam na antecâmara estava um jovem
oficial em uniforme de cavalaria. O Irmão encarregado do exame dos visitantes
pediu-lhe o diploma ou o certificado (de maçom) para ser examinado pela Loja.
Após uma pequena hesitação (o oficial) entregou um papel dobrado que foi
imediatamente encaminhado ao Orador da Loja, o qual, ao abri-lo, descobriu
tratar-se de uma patente de ajudante de ordens, outorgada pelo Diretório
(1795-1799) à esposa do General Xaintrailles, uma mulher que, com várias
outras, naqueles tempos conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando
uma graduação militar pela espada.
Maçonaria
Feminina ou de Adoção
O estado de
inferioridade física da mulher foi o motivo de menoridade jurídica em que se
achou relegada até este século. E também a razão por que não foi admitida,
pelo menos oficialmente, na Maçonaria Operativa e, conseqüentemente, na Maçonaria
Moderna, salvo uma ou outra exceção, que não fazem mais do que confirmar a
regra geral.
As Constituições maçônicas de 1723 tornaram explicita a exclusão da mulher
na Ordem maçônica. Esta regra transformada em Landmarque , é uma daquelas que
são exigidas para a regularidade de uma Obediência maçônica e o subseqüente
reconhecimento.
Não obstante, na sua Convenção de 1935, a Grande Loja de França encarregou o
seu Conselho Federal de “submeter ao estudo das Lojas, de acordo com as Lojas
de adoção, as modalidades permitindo a outorga a essas Lojas da independência
ou da autonomia, que lhes permitiria, em condições novas de administração,
prosseguir, do ponto de vista feminino, a obra de fraternidade e de tolerância
da Maçonaria masculina”.
Isto significa, do ponto de vista daquela Potência francesa, que a tutela
masculina não se justificava mais, daí a necessidade de adaptar as Lojas
femininas. Porém a Guerra de 1939-1945 atrasou a realização do projeto. Não
obstante, na Convenção de 1945 da Grande Loja de França, diz Alec Mellor, o
Grão-Mestre Michel Dumesnil de Gramont voltou ao assunto nos seguintes termos:
“Desejaria chamar a vossa atenção sobre a participação da mulher na obra
maçônica e, por conseguinte, sobre as Lojas ditas de adoção. Hoje, a
emancipação da mulher é, no domínio político, plenamente realizada. É de
se pensar que o será, brevemente, no domínio jurídico. – Seria realmente um
paradoxo ofensivo de ver a Maçonaria, inteiramente voltada para o progresso,
permanecer como último refúgio da concepção antiquada, visando manter a
mulher num estado humilhante de menoridade. – Assim, quando as nossas Irmãs
manifestaram a intenção muito natural de reconstituir as suas Oficinas,
decidimos por um termo a uma fórmula já caduca para chegar enfim ao que devia
ser a conseqüência lógica do esforço pretendido desde há quarenta anos e
mais nas nossas Lojas de Adoção, quer dizer à criação, em França, como
isto existe na Inglaterra, de uma Maçonaria feminina autônoma.
As nossas Irmãs asseguraram-nos, aliás, que se consideravam sempre como
permanecendo sob o patrocínio espiritual da Grande Loja de França e que a sua
atividade se inspirava constantemente nos princípios da Maçonaria escocesa.
Quanto a nós, não podemos esquecer que, durante longos anos, as Irmãs, que
uma evolução natural terá conduzido à independência, contribuíram para a ação
e a prosperidade da Grande Loja.
Isto nos cria para com elas deveres que não poderíamos esquecer e que se devem
traduzir por um concurso material e moral tão extenso quanto for necessário,
para permitir-lhes organizar a primeira Maçonaria feminina autônoma que a França
terá conhecido.
Esperamos, meus Irmãos, que haveis de querer consagrar com a vossa aprovação
um ato que pode ter, no porvir, as mais importantes e as mais felizes conseqüências....”
(pp. 194-195).
E assim, em 17 de setembro de 1945, a Grande Loja de França ab-rogava os textos
regendo a Maçonaria de adoção, abolia esta última definitivamente e em 21 de
outubro de 1945 uma nova Potencia, a União Maçônica Feminina, realizava a sua
primeira assembléia geral. Em 1952, esta Potencia passou a denominar-se Grande
Loja Feminina de França e em 1959 adotou o Ritual masculino do Rito Escocês
Antigo e Aceito, ligeiramente modificado em alguns pontos e detalhes. Em 1963,
Alex Mellor (op. Cit.) escrevia ainda:
“A jovem obediência conta atualmente com cerca de vinte Lojas e um pouco mais
de 500 membros. A sua orientação difere da do Direito Humano no fato de ela
prefirir nitidamente as questões de simbolismo, quer dizer as verdadeiras questões
maçônicas, às questões de política, mesmo qualificada de ‘sociais’ ”.
“Os Maçons das outras obediências são admitidos como ‘visitantes’,
incluídos os do Direito Humano e as Irmãs do Direito Humano também,
liberalismo que alguns acham excessivo por duas razões: a primeira é que os Maçons
do Direito Humano não são admitidos como visitantes nas Lojas da Grande Loja
de França, e que a unidade do Escocesismo teria a ganhar se a Grande Loja
Feminina de França não desse a esta última uma espécie de reprovação pelo
menos aparente. A segunda é que o Direito Humano não admite como visitantes as
Irmãs da Grande Loja Feminina de França, tendo como motivo que esta última
seria ‘irregular’, crítica que, por certo, não falta de audácia e mesmo
de comicidade para quem compara as origens do Direito Humano àquela diretamente
saída da Grande Loja de França!
A Grande Loja Feminina de França compreende certos elementos de valor e várias
mulheres célebres.
Falta-lhe resolver um problema difícil: o dos Altos Graus. Até aqui ela só
pratica os graus simbólicos, e somente o Supremo Conselho do Rito Escoces
poderia permitir às mulheres ter acesso aos graus superiores. A questão não
se apresentou ainda, segundo o nosso conhecimento pelo menos. Não é querer ser
profeta pelo fato de conjeturar que a Grande Loja Feminina de França permanecerá
uma obediência simbólica” (pp. 195-196).
Em 1965, em razão de suas relações cada vez mais íntima com o Grande Oriente
de França, a Grande Loja caiu na irregularidade, produzindo-se então uma cisão.
O Supremo Conselho do Rito Escoes Antigo e Aceito reconheceu a Grande Loja
Nacional Francesa como Obediência legitima, para lá se retirando com numerosas
Oficinas que o seguiram, depois de proibir à Grande Loja de França que se
considerasse, no futuro, escocesa.
O progresso, em nossos dias, estabeleceu, entre homens e mulheres, igualdade de
direitos sociais, políticos e jurídicos. Poderá este novo status influir para
a reconsideração de uma posição à qual faltam as bases tradicionais que
colocavam a mulher sob a dependência e tutela do homem?
Maçonaria
Mista ou Comaçonaria
Denominação dada a Potencias formadas por Lojas nas quais são admitidas as
mulheres, em pé de igualdade com os homens, não sendo por isso reconhecidas
pela Maçonaria regular.
A Maçonaria Mista teve início em 1882, com a iniciação de Marie Deraismes,
na Loja “Livres Pensadores”, jurisdicionada à Grande Loja Simbólica
Escocesa de França, que não reconheceu aquela iniciação e a declarou nula e
ilegal e demoliu a Loja.
O Dr. Georges Martin, Venerável da Loja “La Jerusalém Ecossaise”,
apresentou, em 1890, uma proposta à Grande Loja para a admissão das mulheres
na Maçonaria, que não foi tomada em consideração. Em vista disso, o Dr.
George Martin e Marie Deraismes fundaram. Em 1893, a Grande Loja Simbólica
Escocesa Mista de França “O Direito Humano”, que não foi reconhecida pelas
Obediências francesas “masculinas”.
Em 1903, a Grande Loja de França reconheceu a qualidade maçônica das
Potencias Mistas, submetendo, porém, os seus membros masculinos à admissão e
regularização, após expedição de sindicâncias.
Em 1920, o Grande Oriente de França reconheceu o “Direito Humano”, havendo
troca de Garantes de Amizade. Não admitiu, porém, as Irmãs em seus Templos.
A cooperação da mulher nos trabalhos maçônicos tem sido cogitada pelas Lojas
de vários países, todavia as opiniões divergem a esse respeito.
Com o propósito de dar consistência ao desejo das Oficinas de ver os membros
femininos das famílias de seus obreiros ocupar-se do setor filantrópico das
Lojas, a Constituição de 1967, do Grande Oriente do Brasil criava a
“Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul”, entidade paramaçônica sem caráter
iniciático, constituída das esposas, das ascendentes, descendentes e
colaterais e afins de Maçons regulares, com o fim de prestar os serviços de
filantropia, educação e cultura, preconizada pelo Grande Oriente do Brasil.
No Paraná a representante (Presidente) da “Fraternidade Feminina Cruzeiro do
Sul” é a nossa cunhada Sarah Gennari.
Com a permissão do meu Confrade na Academia Paranaense de Letras Maçônicas,
Irmão Frederico Guilherme Costa, reproduzo a seguir o seu artigo, denominado
“O Ideário da Maçonaria e as suas Preocupações com a Questão da
sexualidade”. Trata-se de uma posição particular do Irmão Frederico e que não
expressa o pensamento da maioria dos maçons brasileiros, mas que merece a atenção
dos maçons e das cunhadas, levando-os a uma profunda reflexão.
Observamos que uma forte dose de misticismo está presente no único sistema que
existe até hoje: o “Direito Humano”, criado em l893, fruto de uma
importante reivindicação feminina visando a igualdade civil e política.
Tentando justificar o impedimento da mulher na Maçonaria dita regular, os maçons
tradicionais invocam o item dos OITO PONTOS exigido pela Grande Loja Unida da
Inglaterra para reconhecer uma Obediência Maçônica:
“Os membros
da Grande Loja e das Lojas individuais devem ser, única e exclusivamente
homens. Nenhuma Grande Loja poderá manter relações com Lojas que admitam
mulheres como membros”.
O maçom francês
e católico Alec Mellor procura justificar o impedimento por razões históricas,
psicológicas e morais. Tenta demonstrar que na Maçonaria dita operativa não
era possível existirem pedreiras, o que é verdadeiro. Com acerto declara que
quando da fundação da Moderna Maçonaria, o Club maçônico londrino, a
exemplo dos tradicionais clubes de homens, não aceitavam a iniciação
feminina. Cabe a transcrição do autor citado:
“Na época da
Franco-Maçonaria operativa, por definição, não era possível existirem
'pedreiras'. Quando, no século XVIII, fundaram-se as primeiras lojas
especulativas, o seu modelo foi o desta instituição tipicamente britânica, o
Club, essencialmente masculinos. Por razões psicológicas e morais: a pretensa
inaptidão das mulheres para guardarem segredo é um absurdo puro e simples, mas
o mesmo não ocorre com a sua dificuldade de admitirem a igualdade social entre
elas, nem com a sua sensibilidade mais viva do que a dos homens. Em um mundo
fechado, onde a sensibilidade se torna mais arrebatada, a vivacidade de certas
reações femininas decuplicaria, prejudicando o espírito fraternal.
Enfatizou-se igualmente a hostilidade muito fácil que as mulheres nutrem umas
pelas outras, sobretudo se são de idades diferentes, assim como o perigo que o
espírito fraterno correria de eventuais adultérios e também de brigas entre
homens tão caras às coquetes”.
Mesmo admitindo que a pretensa inaptidão das mulheres para guardarem segredo é
um absurdo puro e simples, Mellor tropeça no seu entendimento psicológico
quando entende que as mulheres não admitem a igualdade social entre elas e que
a vivacidade de certas reações femininas decuplicaria, prejudicando o espírito
fraternal ao lado de eventuais adultérios. São argumentos falhos, machistas.
Como impedir uma cidadã que elege e é eleita, o ingresso numa sociedade que
defende a liberdade e a igualdade? A única resposta possível se encontra no
“espírito” do clube londrino, e, não nas absurdas considerações morais e
psicológicas, pois para que exista uma adúltera é óbvio que deve,
igualmente, existir um adúltero.
Isolada, a mulher maçona encontra-se no espaço excludente reatualizando-se a
cartografia aristotélica dentro da ética da natureza: “os homens são
desiguais pela própria natureza humana”. Embora tratando com carinho a
mulher, o maçom, dentro de um processo de longa duração, não quer inseri-la
no espaço da produtividade, da eficácia. Excluída dos Templos fica, a
“cunhada”, no espaço próprio das reprodutoras dos “sobrinhos”.
A Maçonaria, desde o seu início regular, recebeu nos seus quadros uma
quantidade significativa de conservadores marcados pelo positivismo do século
XIX onde “pensar a sexualidade” não é possível. Muito própria da época,
a idéia conservadora não deve ser entendida como uma crítica à Maçonaria
dos oitocentos, mas um perfeito enquadramento da sua doutrina com a realidade
política praticada na Europa. Todavia permanece o vazio frustrante naquilo que
deveria ser o desenvolvimento das idéias maçônicas. Com relação a questão
da sexualidade, não seria temerário afirmar que a Maçonaria brasileira não
tem tradições intelectuais, apesar de muitos dos seus ilustrados membros, no
rigoroso sentido metodológico. Não se consegue saber o que pensa a Maçonaria
sobre a sexualidade. Portanto será mais sábio, por enquanto, não falarmos
sobre o tema; antes é preciso desembaraçar a Maçonaria das peias do
autoritarismo.
A transposição de forma de comportamento social da Europa para o Brasil seria
a explicação mais correta às dificuldades opostas à formação de um
pensamento maçônico brasileiro na direção de uma discussão mínima sobre a
questão da sexualidade, dos excluídos, da mulher, do homossexual, para
ficarmos apenas nestes. Fundamentalmente o universo maçônico brasileiro mantém-se
coeso em torno do princípio burguês com relação aos excluídos, apesar de
alguns maçons se considerarem “liberais” e a favor do ingresso da mulher na
Maçonaria, mas somente esta “excluída” eventualmente “poderia”
interpretar, “um dia”, a doutrina e as práticas ritualísticas que sempre
estiveram sujeitas à localização social dos maçons e, neste espaço, não se
discute sexualidade. Compreendem-se, assim, os cismas a partir de uma
perspectiva de mudança e ruptura com o modelo existente.”
Anatoli
Oliynik |