1 - introdução - introduzindo o pensamento sobre a origem
da Maçonaria, hoje é forçoso reconhecer que não podemos mais apresentá-la de forma simplória, como
alias é feito por muitos autores que desconhecem os métodos históricos
e científicos nos trabalhos deste gênero. Assim buscamos resumir o
pensamento de autores sérios que tem credibilidade nacional e
internacional, para dar um enfoque contemporâneo à tão interessante
estudo problemático e interesse de todos os maçons.
Os estudos sobre a origem e os fundamentos da Maçonaria deixaram de
pertencer exclusivamente aos maçons e tem sido apresentado em forma de
monografia em faculdades e universidades nas disciplinas de história,
política e sociologia, sobretudo pela grande participação da Maçonaria
no pensamento universal e nos ideais liberais com a famosa trilogia:
Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais esses incorporados hoje nos
Direitos Fundamentais de todos os Estados modernos.
2 - Falar sobre a origem da maçonaria, é falar sobre a sua história, seria um empreendimento difícil
e um conhecimento quase enciclopédico, em mais de 30 anos de reflexão e pesquisa, percorrendo os
caminhos dos autores maçônicos.
3 - A história como ciência e os níveis de conhecimento e suas abstrações:
3.1 - Conhecimento comum — fundamenta-se nos cinco sentidos
3.2 - Conhecimento científico — objetivo, racional, metódico e técnico
3.3 - Conhecimento filosófico — obtido pela razão natural
3.4 - Conhecimento metafísico — revelado a razão por Deus, dogmático, fé.
4 - Proponho 5 fontes de estudos ou Escolas de Pensamento Maçônico:
4.1 - Escola autêntica — metade do séc. XIX, conhecimento crítico a
cerca de documentos, atas e monumentos - não leva em conta a tradição velada.
4.2 - Escola histórica filosófica — séc. XIX, con. crítico de lições
de história e filosofia, investigadas com critérios científicos inclusive das tradições veladas.
4.3 - Escola antropológica cultural — séc. XIX, con. crítico, pesq.
de antrop. cultural, utiliza critério científico para investigar a
tradição maçônica e de sociedades a fins.
4-4 Escola mística - maçônica mística — parte de estados de consciência
estática, meditativa, busca a união com Deus através da meditação e
da contemplação.
4.5 - Escola ocultista ou sacramental — eficácia do cerimonial maçônico
— lado oculto do ritual, prática de treinamento a vontade, a natureza
física, emocional e mental, busca a união ativa com Deus, num esforço
coletivo, invocando Seres Superiores, cuja senda conduz a Deus.
5 - André Chédel
denomina de “Pré - Maçonaria - “tudo que nos vem do remoto
passado, até a chamada Maçonaria Operativa” (apud Vanildo de Senna.
Fundamentos jurídicos da maçonaria especulativa, Ed. Maçônica, Rio
de Janeiro, RJ, 1981. P. 7.
6 - Nicola Aslan, na realidade histórica da Maçonaria comporta apenas
dois períodos:
6.1 - Maçonaria Operativa — trata da história dos operários
medievais, construtores das igrejas, palácios, abadias, catedrais, e
que se estende por toda a Idade Média e a Renascença, termina em 1717,
com a criação da Grande Loja de Londres.
6.2 - Período - Maçonaria Especulativa, de 1717 até nossos dias - em seu aspecto atual de associação civil,
iniciativa, moral filosófica e humanitária.
7 - Minha classificação em 3 períodos históricos:
7.1 - 10 Período — Pré-Maçonaria — da antigüidade até a Maçonaria Operativa.
7.2 - 20 Período — Maçonaria Operativa - Idade Média e Renascença até 1717.
7.3 - 30 Período de 1.717 até nossos dias.
8 - Alguns autores falam de um período lendário anterior ao 10 Período, que não é admitido pelos
historiadores contemporâneos e podem ser classificados em duas classes:
8.1 - 1a classe lendas de fundo histórico — inventadas para afirmar a
milenar existência da Ordem —suposta história de arquitetura,
geometria e edificações, destinados maçons operativos. 8.2 - 2a
classe - histórias lendárias dos operativos que ligaram as origens da
Maçonaria nas iniciações de povos primitivos e ambigüidade clássica
- greco - romana. *Caráter iniciático. 8.3 - Confusão históricas
— as sociedades iniciáticas existem desde os primórdios da sociedade
humana, e alguns autores confundem recepção, admissão e iniciação
real (sociedades primitivas), com a iniciação simbólica maçônica -
que ao lado das lojas profissionais, sempre existiram as confrarias -
que permitiram a das pessoas estranhas à profissão - chamados Maçons
Aceitos, que para alguns autores datam de 1.600 para outros durante o século
XVIII. 8.4 - Organizações ancestrais da Maçonaria — Em várias épocas,
entretanto, várias antigas organizações foram apontadas como
ancestrais da Maçonaria, incluindo as seguintes, por ordem de
crescentes plausibilidades; 1) os druidas; 2) os Culdees; 3) os
Rosa-cruzes; 4) os essênios; 5) os antigos Mistérios do Egito e da Grécia
(ver Elêusis); 6) os arquitetos viajantes trabalhando sob proteção de
uma Bula Papal; 7) os Mestres Comacinos; 8) os Steínmetzen alemães; 9)
os Companheirismos franceses
9 - Origem da Ordem - como a conhecemos hoje
- é quase certa a sua origem entre
os maçons operativos da Inglaterra.
10 - Desaparecimento das lojas operativas na Inglaterra:
10.1- Reconstrução de Londres, após o grande incêndio de 1.666;
10.2- "A reforma que pôs termo aos grandes edifícios católicos”;
10.3 - À Renascença que destronou o estilo gótico; 10.4 - Sobreviveu
a "Fraternidade dos Maçons Aceitos” — ligados as confrarias —tratavam dos socorros e festividades.
11 - Surgimento da Maçonaria Especulativa:
11.1 - Maçonaria Especulativa ou Moderna tem sua origem na Maçonaria
Operativa, tendo como data oficial de sua fundação o dia 24/07/1717.
11.2 - Surgiu como uma associação civil, para a “Reforma da
Conduta" um "sistema de moralidade”, filosófica, iniciática
e humanitária.
11.3 - Denominação Especulativa — Afinal, devemos esclarecer que a
decadência e a conseqüente extinção da Maçonaria Operativa,
transformada em Maçonaria Especulativa pelos Maçons aceitos, deveu-se:
- primeiro, à Reforma, que pôs termo à construção dos grandes edifícios
religiosos católicos; segundo, à Renascença, que destronou o estilo gótico;
terceiro, ao Grande Incêndio de Londres, de 1666, que fez perder à
Companhia dos Maçons os seus privilégios medievais e permitiu aos
estrangeiros o emprego da reconstrução da grande metrópole.
Sobreviveu apenas a "Fraternidade dos Maçons Aceitos que se achava
ligada à Confraria e que tratava apenas da parte social, festividades e socorros”.
11.4 - O termo Especulativo - significado —“De modo geral
Especulativo sempre significa teoria, contemplação, quando, porém, o
termo é utilizado em matéria de moral, de filosofia, de doutrinas esotéricas
ou de princípios, significa Maçonaria”.
12 - Para
Morivalde Calvet «a Maçonaria moderna é filha do liberalismo
cultural, político e religioso do século XVIII, com seu lema fundamental: Liberdade
Igualdade e Fraternidade”.
13 - Termino este modesto trabalho, percorrendo
os caminhos dos autores maçônicos, transcrevendo Vanildo de Senna: “Convém assinalar, por oportuno, que
a Maçonaria Moderna, ou Especulativa, surgiu como uma “sociedade”
para reforma da “conduta”, como um “Sistema de Moralidade”,
obtendo o maior sucesso e teve como data oficial de sua fundação o dia
24 de junho de 1717. Atendeu aos imperativos do momento histórico e
local, quer político, religioso, moral, filosófico, social ou
espiritual, aspectos estes devidamente analisados pelo eminente
historiador, escritor maçônico e nosso brilhante Confrade Morivalde
Calvet Fagundes, no seu trabalho: ‘é a Maçonaria filosofia
espiritualista, moral social ou metafísica?”i
14 - Bibliografia:
- no 1 - Senna, Vanildo de. Fundamentos jurídicos da Maçonaria
Especulativa. Ed. Maçônica, Rio de Janeiro, 1981.
- nº 2 Aslan, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de simbolismo e Maçonaria, 4 vol.
- nº 3 Leadbeter, W. Pequena Hist. da Maçonaria. Ed. Pensamento. SP.
- nº 4 Fagundes, Morivalde Calvet. A Maçonaria e as Forças Secretas da Revolução. Ed. Maçônica. RJ.
- nº 5 Figueiredo, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Ed. Pensamentos.
- nº 6 Fagundes, Morivalde Calvet. Lições da História da Maçonaria.
- nº 7 O Estudo de Maçonaria nas Universidades. (As duas obras supras são teses apresentadas no
lº Congresso Maçônico Internacional de História e Geografia — Rio de Janeiro, Brasil, 1981.
Palestra:
Ir.·. Vicente Sarubbi |