Escova de dente não deve ficar na pia, nem
ser enxugada na toalha
Do UOL Ciência e Saúde*
Em São Paulo
Quente, úmido e abafado - assim é o ambiente
ideal para a proliferação de bactérias. E assim fica sua escova de dente quando
você a guarda no armário do banheiro ou em estojo próprio. Apesar disso, a
população não cultiva o hábito de higienizar a escova de dentes regularmente,
segundo pesquisa feita na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da
USP (Universidade de São Paulo).
"Se não for feita a higienização correta da escova após o uso, ela se torna
propícia à multiplicação das bactérias naturalmente presentes na boca e que,
durante a escovação, alojam-se nas cerdas", explicou o professor Paulo Nelson
Filho, da Forp, à Agência USP de Notícias.
As bactérias da boca são capazes de viver até 24 horas entre as
cerdas das escovas
Ele explica que, na boca, se encontram cerca
de 900 espécies de bactérias, capazes de viver até 24 horas entre as cerdas das
escovas dentais. Os micro-organismos se multiplicam e tornam a entrar em contato
com a boca na próxima escovação, o que aumenta a probabilidade de doenças como a
cárie dental, alterações gengivais e lesões da mucosa bucal.
Para o pesquisador, a higienização da escova dental deve entrar para a rotina
das pessoas. "Assim como ninguém reutiliza fio dental ou veste a mesma roupa por
dias seguidos, a desinfecção desses itens é um hábito de higiene pessoal que
deve ser adquirido", completa o especialista.
Apesar de não existirem estudos comparativos entre indivíduos que desinfetam
suas escovas e aqueles que as guardam sem qualquer procedimento higiênico,
Nelson Filho afirma que já foram detectados casos de pacientes cuja incidência
de lesões na mucosa diminuiu depois de adotado o hábito de higienização.
Como fazer a higienização?
O professor da FORP recomenda a utilização de agentes antimicrobianos
disponíveis no mercado (como enxaguantes bucais), acondicionados pelo próprio
paciente em frascos de plástico ou vidro, em forma de spray. O produto deve ser
borrifado nas cerdas e na cabeça da escova uma vez ao dia, após a escovação
noturna.
O professor complementa, ainda, que o próprio creme dental pode colaborar para a
higienização da escova. Os mais indicados, segundo ele, são aqueles que contêm
flúor e, mais especificamente, que apresentam "ação total ou global".
Além disso, o usuário deve estar atento para a higienização em água corrente
antes da próxima escovação, para retirar as bactérias mortas. "Depois do uso,
deve-se bater o cabo da escova na pia, para eliminar o excesso de água, mas
nunca secá-la em toalha de banho ou rosto", recomenda Paulo, que indica três
meses, em média, como o tempo ideal entre a troca da escova velha por uma nova.
Em relação ao armazenamento, o professor aponta que a escova não deve ficar
sobre a pia. "O banheiro é o local mais contaminado de uma casa. Temos pesquisas
que comprovam a presença de coliformes fecais alojados em escovas, em função das
descargas e da proximidade com o vaso sanitário", expõe ele. Portanto, o melhor
é guardar a escova desinfetada no armário do banheiro.
O próximo passo nas pesquisas do grupo é a análise de escovas, recém-lançadas no
mercado, que apresentam ação antimicrobiana para reduzir o acúmulo de bactérias
nas cerdas.
*Com informações da Agência USP de Notícias |