Em
1972, com 10 anos, menina franzina, fazia natação, atletismo, xadrez,
tênis de mesa, todas as
modalidades que tinham no clube em
Osvaldo Cruz.. Sua irmã Cássia,
seis anos mais velha, treinava no time feminino de basquete, no
Clube das Bandeiras. Paula, de
tanto insistir, foi aceita e começou
a treinar. Logo no primeiro jogo
foi titular.
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Em
1974, com 12 anos, surgiu a oportunidade de
jogar na cidade de Assis (SP). O técnico
da cidade de Assis, Mirinho,
procurou seus pais que mais uma
vez, apostaram no seu futuro. Contra a sua vontade,
foi morar na casa do Mirinho, com
sua esposa e com as duas filhas
que jogavam no mesmo clube. Esta
foi uma época muito difícil, "Não
entendia porque eu tinha de
brincar de basquete em outra
cidade, longe da minha família,
longe dos meus pais, longe dos
meus amigos." |
Longe dos pais, sentia saudade, chorava, mas
não se arrepende dos sacrifícios que teve de fazer
para se dedicar ao basquetebol. Paula teve que abrir
mão de muitas coisa para não sair das quadras.
Depois
de um ano e meio, recebeu novo convite após a
extinção da equipe de Assis (Assis Tênis Clube),
para defender o Colégio Padre Divino Salvador de
Jundiaí (SP), onde jogou em todas as
categorias (mirim, infantil,
juvenil e adulto) durante quatro
anos.
Em
1976, com apenas 14 anos
foi convocada para a Seleção Brasileira Adulta,
e passa a ser a mais jovem jogadora do grupo.
Aos
15 anos já era titular absoluta da equipe do
Brasil.
Em
1980, aos 18 anos, recebeu uma proposta irrecusável
do Unimep de Piracicaba. Era uma
época em que o basquete feminino
estava começando a se
profissionalizar.
"Minha
vida foi cigana, embora tenha
mudado pouco de clubes. Deixei de
jogar em equipes que fizeram
propostas financeiras melhores,
para priorizar ambiente que
conhecia e gostava . A família
viajou comigo para Piracicaba, em
1980, e se enraizou por lá. Foram oito anos
jogando em Piracicaba e também
fazendo curso de Educação Física. Depois
disso, minha família deixou de me
acompanhar. Era uma vida
desgastante"
Em
1982, trocou a UNIMEP pelo BCN, também de
Piracicaba.
Em
1988, volta a Jundiaí (SP), agora para
defender o Colégio Divino, mas com o patrocínio
da CICA.
Em
1989, Paula não resiste e pela primeira vez
assina contrato para jogar fora do país. Vai para
Espanha, jogar pela equipe do TINTORETTO de
Madrid.
Durante a temporada espanhola, ela torce o joelho
e necessita realizar uma cirurgia, que a deixa
fora das quadras por seis meses. Volta e consegue
jogar as finais do campeonato espanhol e leva sua
equipe a disputar a final do campeonato,
conquistando o titulo de vice-campeã.
Em 1990,
ela está de volta ao Brasil, novamente para
Piracicaba (SP), defendendo o BCN. Apesar do
contrato na Espanha ter a duração de dois anos,
ela prefere voltar e jogar o campeonato no Brasil,
pois considerava que os treinamentos e os
campeonatos eram mais disputados.
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Em 1991, o
Brasil não só ganha das norte-americanas por três pontos, como das
cubanas e volta ao Brasil com o título de Campeão Pan-americano.
Fidel Castro incrédulo e muito simpático acabou caindo aos pés das
jogadoras brasileiras. |
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Fidel se rende
à magia de Paula
A final foi realizada contra as "donas da casa". A torcida cubana
compareceu em peso para incentivar sua seleção, que contava com
talentos como Leonor Borrel, Regla Hernandez e Yamilet Martinez. |
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O destaque da torcida era o
presidente-ditador Fidel Castro, que compareceu pessoalmente para apoiar o que
viria a ser mais uma conquista de seu país.
A pressão sob o selecionado brasileiro era muito grande. Dentre as últimas
orientações antes do jogo, Maria Helena disse, ao ver as jogadoras acompanhando
a entrada do líder: "nós temos, dentro de nós, um Ser que é muito maior do
que ele".
O equilíbrio estava expresso no placar da primeira metade 44 x 44. No segundo
período, Paula e Hortência uniram suas forças e com a precisão, descrita por
Fidel como a de "raio laser", dividiam as cestas. Os arremessos de três
pontos de Paula eram certeiros: em cinco tentativas, ela acertou quatro cestas.
O time da "ilha do esporte" não resistiu, vitória brasileira por 97 x 76, e o
Brasil se sagrava, de forma invicta, campeão pan-americano. Na entrega da
medalha de ouro às brasileiras, Fidel Castro se rendeu ao talento de Magic
Paula, que naquele final de tarde anotou 24 pontos. Ao lhe entregar a medalha,
pediu para que ela ficasse de costas e, apontando para sua camisa, fez um gesto
negativo com o dedo como se tivesse a intenção de não entregar o ouro à atleta.
É claro, que ele queria entregar a medalha para seu time, mas Paula apareceu e
estragou a festa de Cuba.
"Bruxa", disse Fidel, em tom de brincadeira, referindo-se à estrela.
Realmente ele estava certo, Paula é mágica.
Em 1992, Paula passa a defender a equipe da
Ponte Preta de Campinas, onde pela primeira vez,
Paula e Hortência jogaram juntas em um clube. Era
o Dream Team.
Em
1994, Paula volta a Piracicaba para defender a
CESP / UNIMEP, ganhando inúmeros
títulos nesta temporada. Mas o principal título
não só da temporada como de sua carreira, foi a
conquista inédita do Campeonato Mundial na
Austrália, desbancando as
americanas, favoritas e fazendo a final com a equipe
chinesa, onde até então, somente EUA e Rússia haviam dividido
este titulo.
Em 1994, segundo ela própria, teve um de seus
sonhos realizados: lançou uma grife. A marca
"Magic Paula" estava em camisetas e
trajes esportivos, incluindo faixa de cabelo que
tornou-se marca registrada da ala /armadora.
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Em 1996,
a consagração para a geração de Magic Paula e
Hortência
foi na Olimpíada de Atlanta. A tão sonhada
medalha Olímpica. Após uma campanha brilhante, o
Brasil disputa a final contra as americanas. A
conquista desta medalha de prata que valeu ouro. |
Em 1997, volta para Campinas e desta vez
para defender a equipe da Microcamp. No ano
seguinte, Paula recusa convite pra jogar na liga
americana WNBA. A proposta financeira não
compensou e não aceitou.
Em 1999 e 2000 defendeu a equipe do BCN /
Osasco e então resolve deixar as quadras após
vinte e oito anos de carreira e vinte e dois anos
defendendo a Seleção Brasileira.
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A
Despedida da Seleção
Paula já havia anunciado seu
afastamento da seleção, aquela
seria a última partida de sua
carreia com a camisa canarinho. 8 mil pessoas
foram ao Ginásio do Ibirapuera para despedir de
sua Mágica e ver a final da Copa das Américas
entre Brasil e Estados Unidos. Paula entra em quadra com
os dizeres no uniforme "Valeu
Brasil", como em outra vezes.
Paula
arrasou as
americanas e terminou o torneio
como cestinha, melhor jogadora e
melhor em assistências.
Depois
da conquista, o público grita:
"fica Paula, fica".
Mas Paula diz que agora é pra valer: "Gostaria
de estar pensando diferente, mas
um atleta precisa ser inteligente
para saber parar na hora certa e não
entrar no ridículo mais tarde".
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2005
Foi oficialmente convidada para integrar o Hall da Fama do Basquete Feminino e,
em abril de 2006, embarcou para Knoxville, nos EUA, para participar da
cerimônia.
Empresária, tem uma confecção de roupas
esportivas e camisetas em Campinas. "Volta e
meia, desenho alguns modelos, dou palpite",
revela. De uns anos para cá, passou a administrar
seu dinheiro, investindo num sítio em Piracicaba,
onde passa a maior parte do tempo livre, ao lado de
pais e amigos.
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Após
encerrar a carreira como atleta, Paula passou a
ministrar palestras abordando o tema Trabalho
em equipe e Motivação, onde mostra que
as vitórias não acontecem por acaso e que é
preciso muita perseverança, garra e amor para
resultar em conquistas.
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