Hortência e Paula chegaram juntas à seleção, e já aconteceu o primeiro duelo de suas carreiras. Ambas utilizavam em seus clubes a camiseta número 4 e nenhuma estava disposta a trocá-la.

A decisão, segundo as jogadoras, acabou acontecendo no par ou ímpar e Hortência obtinha sua primeira vitória sobre a rival, conquistando a camisa 4 da seleção e Paula ficando com a camisa 8.

Hortência assina um contrato com o Higienópolis, de Catanduva, enquanto Paula defende o colégio Divino Salvador de Jundiaí. Nessa época, a aguerrida ala era imbatível. Junto com a força de um bom elenco, Hortência não dava a menor chance para a sua oponente. Numa partida em Jundiaí, o falecido pai das jogadoras Paula e Branca, já irritado com tantas derrotas, chegou até a jogar seu chinelo em Hortência.

No entanto, na década de 80, a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) montava uma equipe competitiva, trazendo as técnicas Maria Helena Cardoso e Heleninha, a experiente ala da seleção Vânia Teixeira e a própria Paula.
Hortência defendia agora a equipe da Prudentina, ao lado das gêmeas Vânia e Vanira Hernandez, da pivô Solange de Castro da seleção, da ala Tute e da norte-americana Beverly.

Em 1981, a Unimep vence Catanduva e quebra uma série seguida de títulos da rainha Hortência.
Em 1982, a Prudentina dá o troco e vence a Unimep.
Em 1983, a Prudentina vence novamente a Unimep.
Em 1984, Paula leva a melhor sobre a equipe de Presidente Prudente e a Unimep inicia uma série de mais de 40 jogos sem perder.
Em 1985, Hortência se transferia para Sorocaba e o duelo caipira continua. Piracicaba e Sorocaba faziam as finais paulista, brasileira e dos Jogos Abertos do Interior dos anos de 1985, 1986 e 1987.
Em 1987, uma rede de TV lançava o Desafio Piracicaba contra Sorocaba. Numa série emocionante, Piracicaba, representada pela Unimep, vence por 4 a 3 Sorocaba, mas, no mesmo ano, uma contusão tira Paula das finais, deixando aberto o caminho para a Magrela vencer mais uma.
Em 1988, Paula volta para o Divino Salvador de Jundiaí, que contava com o patrocínio da Cica, mas novamente o joelho deixa Hortência livre para conquistar mais um campeonato.
Em 1990, a rivalidade continua. Magic Paula, que estava jogando na Espanha, volta para Piracicaba e o BCN vence o Campeonato Brasileiro, mas Sorocaba dá o troco no Paulista.
Em 1991, Hortência obtém o pentacampeonato paulista. Ninguém parava o Leite Moça-Sorocaba de Hortência, Janeth, Marta, Ana Motta, Adriana, Vânia Hernandez e Simone, nem mesmo o BCN-Piracicaba de Paula, Nádia, Ruth, Joyce e Rosely.
Essas duas equipes eram tão superiores, que no mesmo ano, quando o Brasil ganhou o Pan-americano de Cuba, das doze jogadoras da seleção, seis jogavam em Sorocaba e as outras seis em Piracicaba. Mas Piracicaba levava a vantagem por ter as técnicas Maria Helena e Heleninha.
Em 1992, Paula, agora na Nossa Caixa / Ponte Preta, que ainda tinha a pivô Karina e a russa Elena Bounatians, impedia que Hortência obtivesse o hexa-campeonato, mas não impedia que Hortência fosse mais uma vez campeã brasileira.

Em 1993, a rivalidade de mais de dez anos parecia chegar ao fim. Hortência assina com a Nossa-Caixa / Ponte Preta, de Campinas e, ao lado de Magic Paula, a rainha do basquete conquistava todos os títulos possíveis: campeã dos Jogos Regionais, Jogos Abertos, paulista, brasileiro e mundial.
Mas, esse time imbatível tirava a emoção do basquete. No intervalo de uma partida, as duas têm um desentendimento sério e acabam brigando, segundo Paula, com chutes e tudo.

Em 1995, Hortência, grávida, passa a atuar como dirigente, e a disputa só termina quando Paula abandona o basquete, no início do ano 2000.

"Em dez anos, disputamos muitas decisões entre clubes e, é claro, as duas queriam ganhar. Eu treinava mais e mais para ser melhor do que ela, e Hortência fazia o mesmo para me superar. Acho que, por causa disso, evoluímos bastante", lembra Paula