Numa justa e das mais significativas homenagem, os americanos
reconheceram que Hortência não poderia ficar de fora do Hall da Fama, um museu do basquete mundial
(a primeira brasileira a entrar no Hall da Fama).
Durante todo o tempo em que esteve em Springfield no Tennessee (EUA), cidade onde o basquete
começou, para ser homenageada, foi chamada
de "lenda" pelos norte-americanos.
Voltou dos Estados Unidos impressionada com
o valor que os organizadores da WNBA, a versão feminina da NBA, dão à história do
esporte e, conseqüentemente, a quem fez parte dela.
"Eu recebi e recebo, diariamente, o carinho dos brasileiros, mas duvido que os
jovens saibam sobre mim e o basquete. Em 12 edições do Mundial, o Brasil foi o único
País a tirar um título dos Estados Unidos e da Rússia e eles reconhecem isso", afirmou Hortência.
Nesta quinta-feira, Hortência, que já deixou o basquete há seis anos, foi
homenageada novamente. Desta vez foi em São Paulo, num almoço - que deveria ser
surpresa - promovido por Eduardo Fischer, presidente do Grupo Total, da área de
comunicação (ao qual está ligada a All-E, empresa em que a ex-jogadora é sócia). Ela
aproveitou para mostrar a bola, assinada por várias gerações de jogadoras que foram
para o Hall da Fama, e o troféu que trouxe dos Estados Unidos. Lamentou não termos
"memória esportiva, um museu do esporte e, mais que isso, política esportiva".
Nas paredes do museu, além de fotos e do uniforme, em uma vitrine, está uma boneca
da ex-jogadora e o texto que observa que "assim como Pelé, Hortência é
conhecida apenas por um nome, o primeiro, no seu País, tamanha a fama...."
A ex-jogadora atribui exatamente à ausência de uma política esportiva o êxodo
provocado no basquete feminino brasileiro - nove jogadoras, dentre elas Helen e Janeth e
quase a totalidade da seleção brasileira, estarão na temporada da WNBA. "Elas têm
de ganhar dinheiro em algum lugar. Se não tem time e patrocínio aqui, vão para fora", afirmou Hortência.
Com Paula, convidada especial do almoço, chegou a falar em fazer um projeto para o
basquete brasileiro, juntamente com Oscar Schmidt, que está deixando as quadras este
ano, para assumir o comando das entidades que administram o esporte no País e em São
Paulo, no futuro, "e organizar as coisas direitinho".
Disse que "todos perguntavam sobre a Paula nos Estados Unidos" e observou
que sua carreira e a da eterna rival, nos clubes, e aliada, na seleção, nunca poderão ser
separadas. "É verdade. Ela disse para eu segurar um pouco o troféu que também é
meu. Me sinto premiada", concordou Paula.
Heleni Felippe
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