Uma pequena menina franzina, nascida em uma família humilde na cidade
de Potirendaba, cidade vizinha de São José do Rio Preto no interior do Estado de São Paulo,
que gostava de jogar basquete, só tinha um objetivo: ser a melhor. Mudou com a família para a cidade de Santo André e foi
estudar no Colégio Tocantins, onde jogava futsal, handebol e atletismo, mas na 7ª série foi
para o Colégio Santa Maria, em São Caetano do Sul, no Grande ABC.
Foi pelas mãos da
professora Mitsuko, que viu em Hortência, a possibilidade de um talento nas quadras de basquete e deu-lhe
uma velha bola de capotão que ela corria de um lado para outro e a treinava seus primeiros dribles,
arremessos e passes. Aos 13 anos, começou a freqüentar as escolinhas de basquete do colégio Santa Maria
onde era treinada pela Marlene, ex-estrela da seleção brasileira de basquete feminino. Mas como era
uma menina pobre, não tinha dinheiro para pagar o ônibus. Daí surge então Waldir Pagan Perez, técnico
do Santa Maria e da seleção, que via que aquela menina iria longe. Conseguiu patrocínio junto a Caloi,
que participava do projeto "Adote um Atleta".
Hortência
teve uma luta muito intensa. Levantava às 6 horas da manhã e ia para o Centro Olímpico de São
Paulo treinar, depois ia pra escola e chegava em casa só às 11 horas da noite. Com muito esforço,
treino e dedicação, aos poucos, ia se tornando uma grande atleta. "Posso dizer que
comi o pão que o diabo amassou. Por isso dou muito valor a quem luta para conseguir alguma coisa”,
afirma a atleta. Em 1988, numa polêmica atitude, aceita o convite para posar nua em uma
revista masculina. Em 1989, Hortência se casa com o rei da noite, José Victor
Oliva e passa a se chamar Hortência de Fátima Marcari Oliva.
Em 1990,
foi cestinha com 256 pontos no Campeonato Mundial na Malásia, apesar da seleção brasileira não estar
entre os melhores. Em 1991, bate o recorde mundial de pontos em uma
partida de basquete feminino (121). Foi nos Jogos Regionais, jogando por Sorocaba contra a
equipe da cidade de Socorro. Hortência foi a única da América do Sul a constar entre as seis melhores do
mundo. No Mundial da
Austrália, foi eleita a melhor ala do mundo e recebeu a Cruz do Mérito
Desportivo. A conquista do primeiro lugar no Pan-Americano de Havana em 1991
ficou marcada pela imagem de Fidel colocando a
medalha no meu pescoço. "Foi inesquecível, uma das situações mais emocionantes que já vivi como
jogadora", lembra. Naquela ocasião, o Brasil estreou contra os Estados Unidos, até então
invictos em mais de 30 jogos oficiais mundiais. Hortência foi a cestinha da partida e acabou com o
favoritismo das americanas.
Em 1994, ganhou o prêmio de melhor lateral do
mundo Em 1995, Hortência abandona o basquete para realizar o sonho de ser mãe. Em 1996, para os Jogos Olímpicos de Atlanta, foi feito um grande apelo e a rainha
voltou às quadras de onde estava longe há mais de seis meses, e ajudou o Brasil a
conquistar a prata olímpica, um feito inédito para o nosso basquete. A Federação
Internacional de Basquete (FIBA) requisitou-lhe seu uniforme para fazer parte do Hall da
Fama, que fica em Springfield, Massachussets, cidade em que o basquete foi inventado. Em 1997, aos 38 anos, abandonou o esporte definitivamente, tendo jogado 21 anos na seleção
brasileira. |