Os principais termos técnicos envolvidos na escalada
em gelo. Para algumas palavras, incluí o equivalente em inglês e/ou espanhol.
Asas de Anjo - Esculturas de gelo produzidas pelo vento com o formato
de asinhas. Podem ter de alguns centímetros a alguns decímetros de comprimento
e adoram agarrar a corda dos escaladores.
Bergschrund - veja rimalha
Bollard
- Veja hongo
Bota - Na escalada em gelo, empregam-se botas duplas. Há uma botinha
interior, feita de material macio, e uma bota exterior, de plástico duro. A
bota externa possui sola rígida e engates para a fixação do crampom,
que é retirado para andar sobre pedras ou em trilha.
Campo de neve – "lagoa" de neve no meio do terreno
rochoso. Em inglês, snowfield. Um campo de neve pequeno (algumas dezenas de
metros de diâmetro) é chamado de snowpatch.
Capacete – quando se escala uma parede de gelo duro, muitos cacos
voam a cada picaretada. Um capacete é indispensável para proteger a cabeça de
quem está embaixo. Além disso, pode-se imaginar a trágica situação de um
escalador caindo sobre o outro. As pontas afiadas dos crampons podem fazer um
estrago considerável. O capacete, pelo menos, dá alguma cobertura para a cabeça.
Corda - a corda para uso em gelo é muito parecida com a que é
empregada na escalada em rocha. A principal diferença é que, no gelo, é desejável
que a corda possua um tratamento hidrófugo, que ajuda a evitar que ela se molhe
ou se congele. O ideal, em vias técnicas, é um modelo de 10,2 mm de diâmetro
e 60 metros de comprimento, capaz de suportar uma queda severa. Em vias fáceis,
rampas de neve ou em caminhadas sobre glaciares, é comum utilizar-se uma corda
de 9,5 mm x 45 m como segurança para a eventual queda dentro de uma greta.
Cornija - crista de gelo e neve formada sobre uma aresta no lado para
onde sopra o vento; a escalada de uma cornija é, em geral, perigosa, por causa
do risco de desabamento.
Crampom - é uma armação com 12 pontas afiadas
que é fixada à bota para caminhar e escalar no gelo. As duas pontas dianteiras
apontam diretamente para a frente, possibilitando a escalada de paredes
verticais pela técnica conhecida como front-pointing, em que só essas duas
pontas (e, possivelmente, as duas imediatamente atrás delas) são usadas. Em
rampas e trechos horizontais, ao contrário, espetam-se as outras dez pontas
(que apontam para baixo) no gelo. Os melhores crampons possuem um sistema de
engate rápido para fixação às botas. Os modelos para uso em cachoeiras
congeladas possuem as duas pontas frontais serrilhadas, enquanto os demais têm
todas as pontas lisas.
Deadman
- Ancoragem para neve fofa formada por uma placa metálica (a
ser enterrada na neve) com cabos de aço. Às vezes, o termo é usado para
designar qualquer objeto enterrado na neve para servir de ancoragem.
Escalada mista
- Modalidade praticada em paredes rochosas parcialmente
cobertas de gelo. A via inteira, incluindo os trechos de rocha, é escalada com
equipamento para gelo.
Estacas - estacas de alumínio são usadas para ancoragem na neve. Em
geral, possuem perfil em T e furos para a fixação de mosquetões.
Front-pointing – veja crampom.
Geleira - veja glaciar.
Glaciar - o glaciar, ou geleira, é um grande rio de gelo que desce a
montanha a uma velocidade típica de alguns metros por ano; pode ter algumas
centenas de metros até dezenas de quilômetros de extensão; o glaciar é
alimentado pela neve que cai no alto da montanha e drenado pelo derretimento do
gelo na sua base; é comum a sua camada superficial ser formada por neve fofa; já
as camadas mais profundas são de gelo duro.
Greta - quando o glaciar passa sobre um trecho onde o leito rochoso é
côncavo, o gelo racha por não ter elasticidade suficiente para acompanhar a
curvatura do relevo; essas rachaduras, chamadas de gretas, podem ter vários
metros de largura e dezenas de metros de profundidade.
Hongo
- Fungo em espanhol. É uma protuberância em forma de cogumelo
cavada na neve dura para servir de ancoragem. Em inglês, bollard.
Ice Axe - ver picareta.
Ice Hammer - ver picareta.
Icefall - onde um rio encontra um desnível abrupto no terreno,
forma-se uma cachoeira. Da mesma forma, onde um glaciar encontra um desnível
abrupto, forma-se uma icefall ou queda de gelo. Na icefall, o glaciar
apresenta-se na forma de um grande número de blocos amontoados de forma
irregular, os seracs. Cada um deles pode pesar milhares de toneladas. Quando
esses blocos possuem paredes negativas, são conhecidos como seracs suspensos. A
escalada em icefall é delicada, já que pode haver risco de desabamentos.
Lâminas
- Em geral, os piolets clássicos são equipados com lâminas
de curvatura direta (algo parecido com um arco de elipse cujos focos estão
abaixo da lâmina). Essas lâminas tendem a prender mais fortemente quando a
haste do piolet é afastada do gelo. São melhores para travessias em geleiras e
ascensão de rampas de neve. Piolets técnicos usam, em geral, lâminas de
curvatura reversa (forma semelhante à de um arco de elipse cujos focos estão
acima da lâmina). Essas tendem a se soltar quando a haste é afastada do gelo.
São melhores para a escalada de cachoeiras e paredes verticais de gelo duro. Há
ainda lâminas retas, indicadas para gelo vertical frágil, especialmente em
vias mistas.
Luvas – em geral, o escalador de gelo usa duas ou três luvas em
cada mão. Eu uso três: a primeira, de pile, tem os dedos cortados, para que eu
possa operar a câmera fotográfica. A segunda, também de pile, cobre quatro
dedos juntos, deixando apenas o polegar independente. Por fim, uma sobreluva de
Goretex é indispensável para evitar que as demais se molhem. Com picaretas de
haste reta, é comum bater os dedos no gelo a cada picaretada numa parede
vertical. As picaretas de haste curva aliviam bastante esse problema. Luvas
grossas amortecem os choques e tornam a escalada mais confortável.
Marteau-Piolet - ver picareta.
Meia - O normal é escalar com dois pares de meias. Veste-se uma meia
fina (de polipropileno ou poliéster) em contato com a pele e uma grossa (em
geral, feita de uma mistura de lã e poliéster) sobre ela.
Morena – grande quantidade de pedras soltas que costuma se acumular
nas vizinhanças de um glaciar. É o resultado da fragmentação das pedras por
sucessivos ciclos de congelamento e descongelamento, e pelo próprio movimento
do gelo. Em Inglês, se diz talus. Em Espanhol, pedrero.
North Wall Hammer - ver picareta.
Parafuso - O parafuso para ancoragem no gelo é, em geral, formados
por um tubo oco com cerca de 25 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro. Esse
tubo possui pontas cortantes e uma rosca ao seu redor, o que permite rosqueá-lo
no gelo duro, com as mãos ou com o auxílio da picareta. Uma haste na
extremidade que fica para fora cumpre dupla função: serve para manejar o
parafuso na hora de colocá-lo ou retirá-lo e também possibilita o engate de
um mosquetão. Há parafusos de alumínio, cromo-molibdênio e titânio (os
melhores). Existem, ainda, modelos que são martelados no gelo, em vez de
rosqueados. Em inglês, ice screw; em espanhol, tornillo.
Pedrero – veja morena.
Penitentes - Pequenas torres de gelo produzidas pela ação do vento.
Podem ter de alguns centímetros a mais de um metro.
Picareta - em geral, o escalador de gelo emprega um par de picaretas.
Ambas possuem uma haste com cerca de 50 cm de comprimento - que pode ser curva
ou reta - e uma lâmina penetrante, com dentes para melhor fixação no gelo.
Uma das picaretas inclui, ainda, uma lâmina tipo enchó, para cortar o gelo.
Essa ferramenta é conhecida também como piolet, piqueta (no Peru, picota)
ou ice axe. A outra picareta possui, no lugar da enchó, uma cabeça de martelo.
Por isso, é também chamada de piqueta-martelo, marteau-piolet ou north wall
hammer. Em caminhadas sobre glaciares e ascensões em rampas de neve, pode ser
usada uma única picareta, com haste reta e mais longa (60 a 80 cm), modelo
conhecido como piolet clássico. Veja também lâminas
Piolet - ver picareta.
Piqueta - ver picareta.
Polaina - um par de polainas é usado para evitar que a neve entre nas
botas, gelando os pés. Alguns modelos cobrem totalmente as botas, ajudando a
melhorar o isolamento térmico dos pés. Estes são conhecidos como
supergaiters.
Rimalha – também chamada de bergschrund, é a greta que separa o
glaciar do snowcap; muitas vezes, há um desnível grande entre suas duas
margens, o que faz com que seja difícil transpô-la.
Rimalla - veja rimalha.
Seracs - veja icefall.
Snowcap - o cume da montanha e a região coberta de neve em volta
dele.
Snowfield – veja campo de neve.
Snowpatch – veja campo de neve.
Talus – veja morena.
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