Durante muito tempo, os
criadores, entusiastas e profissionais, foram incapazes de resolver os
problemas da esterilidade pois, por razões não só inerentes à fisiologia da
espécie como também às prioridades dos zootécnicos, a cinologia sofreu um
certo atraso neste campo. No entanto, atualmente, o referido atraso foi
atenuado graças à prática do esfregaço das células vaginais para determinar o
momento da ovulação e inseminação artificial.
No que diz respeito a esta última, distingue-se entre a "assistência ao
acasalamento", com coleta e utilização direta do esperma do reprodutor para
inseminar a cadela, e a inseminação praticada com sêmen congelado. A
assistência ao acasalamento, que é o método mais utilizado, é fácil de
praticar e tem numerosas indicações.
As Indicações
da Assistência ao Acasalamento...
São duas: a pseudofrigidez e a
recusa ao acasalamento. A pseudofrigidez observa-se quando a cadela tem ciclos
sexuais normais mas que passam praticamente despercebidos (ciclos "mudos") e
são apenas visíveis as lactações de pseudociese (gravidez psicológica).
A recusa ao acasalamento pode estar ligada à ausência do libido ou a um
"falso cio". Em certos casos é conseqüência de um coito difícil, o que pode
ocorrer em diversas circunstâncias: quando o macho é muito jovem, quando a
fêmea é dominante (agressiva até) ou, ao contrário, submissa (deita-se no chão
ou foge), em caso de má-formação ou de tumor do aparelho genital de ptose
(afrouxamento dos Ligamentos e dos músculos) da vagina ou da vulva, e, quando
a cadela sofre de artrose vertebral ou coxofemural.
...E as
da Utilização de Sêmen Congelado
A totalidade das indicações
mencionadas acima são também válidas para este caso. Acrescentam-se, também,
as limitações devidas ao afastamento dos interessados (ou à presença de um
deles num país onde vigoram medidas de quarentena) e as particularidades da
utilização com vistas à seleção (e à conservação do esperma de reprodutores
excepcionais).
A Coleta
de Esperma
A eletroejaculação foi
abandonada completamente. Além de ser mal suportada pelos animais, o esperma
recolhido por este método costuma ser de má qualidade.
Atualmente, em outros países utiliza-se um dispositivo simples: um tubo de
borracha (que se aquece para evitar um contato muito frio) e um tubo que
permite recolher o esperma do doador em boas condições. No Brasil a coleta do
esperma é efetuada pela técnica da masturbação, a operação é amplamente
facilitada pela presença de uma fêmea no cio.
Conservação
do Sêmen
Depois da coleta, o sêmen poderá ser utilizado diretamente (assistência ao acasalamento). Ou manter-se
refrigerado num liquido de conservação que pode ser à base de lactose e gema
de ovo, em cujo caso o sêmen poderá ser utilizado uma a duas semanas depois.
Em nitrogênio líquido, a -1960C, depois de um complexo tratamento, a
conservação do esperma em forma de pipetas é quase ilimitada.
Colocação
do Sêmen
O sêmen deve ser depositado na porção anterior da vagina, o mais perto
possível do colo.
Para isso, pode-se utilizar uma simples seringa alongada com um tubo de
vidro. Este dispositivo não impede o refluxo do sêmen e, para compensar este
inconveniente, deve-se manter a fêmea levantada pelos quartos posteriores
durante quinze minutos.
Em todo o caso, quando a sonda está colocada, as contrações vaginais
fisiológicas facilitam a entrada do sêmen no útero. A utilização de uma sonda,
especialmente concebida para a inseminação na espécie canina, provocou uma
melhoria sensível desta técnica. Esta sonda tem a particularidade de dispor,
na sua extremidade anterior, de um balão inflável que desempenha o papel dos
bolbos eréteis do macho, com o qual se evita o refluxo do esperma e se
facilita o seu avanço por estimulação das contrações vaginais. A sonda
utilizada (dispositivo estéril) apresenta um corpo flexível, que elimina
qualquer risco de traumatismo, e um tubo telescópico, terminado numa peça
giratória, para depositar o esperma contra o colo do útero sem provocar
nenhuma lesão.
Atualmente, os especialistas recomendam que se utilize uma sonda mais fina,
que permite atravessar o colo e praticar a inseminação intra-uterina. Em
geral, os resultados são melhores.
A inseminação deverá ser feita duas vezes, em intervalos de quarenta e oito
horas, sempre que isso for possível, independente do método utilizado
(assistência ao acasalamento ou utilização de esperma congelado).
Com o sêmen congelado utilizam-se cinco pepitas de 1 milímetro cada uma por
vez (cada ejaculação permite armazenar trinta doses, ou seja, o valor de três
inseminações).
Lembramos que o sucesso da operação está ligado, em grande parte, à escolha
da data da intervenção, a qual deverá ocorrer o mais próximo possível da
ovulação. Para isso é indispensável a aplicação da técnica do esfregaço das
células vaginais.
O Exame
do Esperma
Antes de se proceder à inseminação, deve-se examinar o esperma para
controlar sua qualidade. Assim, pode-se verificar no microscópio várias
características inclusive de espermatozóides anormais, que não devem
representar mais de 15% do total. De qualquer forma, o sêmen deve apresentar
um mínimo de 75% de espermatozóides móveis.
Fonte: Coleção
Nosso Amigos, os Cães
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