Antigamente era raro ver um cão
realmente idoso nas ruas. Todavia, após anos de pesquisa veterinária, pode-se
afirmar que, atualmente, 40% dos cães atinge facilmente a terceira idade, ou
seja, vive mais de 7 anos. Entre os fatores decisivos para esse aumento da
longevidade canina estão os melhores cuidados que os cães recebem de seus
donos, a melhor assistência veterinária, alimentação balanceada e adequada aos
estilos de vida dos cães e esquemas mais aprimorados e eficazes de
vacinação.
Quando é
que um cão é considerado idoso?
Tudo depende de seu tamanho. Os cães de raças menores tendem a
envelhecer mais devagar, devido ao seu metabolismo. Neste casos, é comum que
eles cheguem à terceira idade entre 9 e 13 anos. Ao passo que um cão de grande
porte envelhece dos 6 aos 9 anos. Mas, de maneira geral, pode-se dizer que um
cão começa a envelhecer aos 7 anos de idade.
A partir desta idade é preciso
prestar atenção às mudanças de hábitos do seu velhinho. Elas podem indicar o
início de problemas de saúde. E olhe que os cães são peritos em esconder dos
donos o seu sofrimento! Nesta altura é conveniente visitar o veterinário não
apenas uma vez ao ano para as vacinas, mas semestralmente, a fim de despistar
qualquer um dos 5 problemas mais freqüentes da terceira idade. Se você está
achando muito, é só pensar que em média um ano humano equivale de 5 a 7 anos
do cão... você consegue imaginar uma pessoa mais velha ficar 5 anos sem
visitar um médico?
Quais
são os principais problemas do cão idoso?
Entre outras, temos a insuficiência renal
crônica, a insuficiência hepática, diabetes,
câncer e insuficiência
cardíaca. As primeiras podem ser diagnosticas por meio de exames de sangue e
urina. O câncer,
através de palpação ou radiografias e a insuficiência cardíaca é diagnostica
através de auscultação, radiografia ou eletrocardiogramas. Portanto, se um cão
idoso estiver doente e durante a consulta não for diagnosticada nenhuma dessas
doenças já temos um bom sinal. O principal a saber é que, uma vez
diagnosticadas precocemente, o tratamento será sempre mais eficaz.
Novas
descobertas
Em termos de nutrição, sabe-se que no
cão idoso o metabolismo basal e a massa muscular diminui, bem como as
necessidades energéticas. Todavia, uma das descobertas mais surpreendentes é a
maior necessidade de proteína na dieta dos cães a fim de preservar sua massa
muscular. Essa descoberta é exatamente oposta à crença que havia até então, de
que os cães mais velhos deveriam receber menos proteína e que seu excesso
poderia ser prejudicial ao estado geral do cão, e especialmente prejudicial ao
fígado e aos rins.
Contudo, estudos mais recentes
realizados nos EUA, comprovam que o corpo dos cães mais idosos exige mais
proteína para manter sua massa muscular em forma. Certos pesquisadores
defendem o aumento da proporção de proteína na dieta dos animais idosos, desde
que não sofram com problemas renais. Outro problema comum é a obesidade, que pode e
deve ser controlada a partir de uma dieta específica para este fim.
Outra área de preocupação dos donos
de cães idosos deve ser a saúde bucal. A partir de uma certa idade, em
especial nos de pequeno porte, o tártaro dentário tende a acumular-se entre os
dentes e as gengivas causando a periodontite ou doença
gengival.
Com a evolução do tártaro, instala-se o mau-hálito (o primeiro
sintoma que os donos percebem), a infecção bacteriana e a queda progressiva
dos dentes. As conseqüências são nefastas e os donos devem prevenir-se o
quanto antes. A principal conseqüência, fora a queda dos dentes que em si
mesmo já é um grande problema, é que as bactérias podem invadir a corrente
sanguínea através de hemorragias e isso pode conduzir a infecções
generalizadas, atacando especialmente os rins, fígado e o coração.
Para prevenção destes problemas, a
visita ao veterinário é a melhor opção, a fim de fazer uma avaliação geral do
cão e promover a limpeza do tártaro.
Graças às novas tecnologias da
medicina, o câncer
também é um problema detectado facilmente. Com o diagnóstico precoce, o
tratamento é mais eficaz, garantindo maior longevidade ao cão. O número de
cães que desenvolvem algum tipo de câncer é cada vez maior devido, justamente,
ao aumento da expectativa de vida deles e também aos efeitos do meio ambiente
sobre os organismos.
Descobriu-se recentemente que certos
animais desenvolvem a doença porque possuem deficiências genéticas que
combateriam a formação dos tumores. O tratamento do câncer passa pela
cirurgia, quimioterapia, laserterapia entre outros métodos disponíveis. A
castração
precoce também beneficia tanto machos quanto fêmeas, reduzindo a incidência
dos tumores relacionados aos órgãos reprodutivos (mamas, próstata e ovário) de
20% para 0%. A adição de anti-oxidantes na alimentação contraria o
envelhecimento ao proteger as células contra os radicais livres - moléculas
instáveis que reagem contra as outras moléculas dentro das células, causando
danos irreparáveis. Entre os anti-oxidantes, incluem-se as vitaminas A, E e C,
além do selênio.
Outro problema comum aos cães idosos é a artrite. Trata-se de uma
doença dolorosa e debilitante, que deve ser diagnosticada e tratada
adequadamente pelo médico veterinário. É um grande erro medicar por conta
própria os cães com analgésicos humanos porque muitos deles são altamente incompatíveis com o metabolismo canino.
Um dos inimigos mais perigosos é a
insuficiência cardíaca, que pode até ser de 'nascença', mas normalmente é
causada pelo envelhecimento. Destacam-se entre os problemas cardíacos mais
comuns as deficiências valvulares e o bloqueio do impulso elétrico (muito
comum nos cães da raça Boxer). Mais para o fim da vida, as infecções tornam-se
as causas mais comuns dos problemas cardíacos. Os cães não tendem a sofrer de
colesterol elevado ou arteriosclerose. Contudo as endocardites e as
miocardites são mais comuns. Felizmente, já existem bons medicamentos para o
tratamento destes problemas.
Com o passar do tempo, a oxigenação
cerebral pode ser insuficiente e o nosso velhinho pode nos parecer senil. E é
verdade. Isso pode acontecer e não há como prevenir. Enfim... no fundo todos
desejaríamos que nosso cachorrinho nunca chegasse a ficar velho. Mas já que
isso é impossível, precisamos aceitar este fato com naturalidade e colaborar
estreitamente com os veterinários para que possamos promover a melhor
qualidade de vida ao nosso velhinho.
O que
fazer para facilitar a vida do cão idoso?
O envelhecimento do cão é muito
difícil, tanto para o cão, quanto para o dono. Se você facilitar as coisas, a
vida de ambos será muito mais feliz.
Com o passar do tempo a visão e a
audição deterioram-se. Nesta altura, evite mudanças radicais do mobiliário,
hábitos e horários. O animal adapta-se perfeitamente a mudanças graduais, mas
se forem súbitas, podem causar um profundo stress e aumentar o risco de
doenças. Portanto, caso você precise fazer uma reforma na sua casa, deixe seu
cão longe da bagunça e se puder, mude os móveis aos poucos e sutilmente. Com a
instalação da artrite, por exemplo, deve-se dar especial atenção ao piso, que
não deve ser nunca escorregadio. Também nesta fase, as escovações e o toque
são muito importantes para assegurar ao cão a sua presença e amizade. Da mesma
forma, podem ainda auxiliar na descoberta de elevações na pele.
O seu fiel amigo de tanto tempo precisa saber que você está lá para o
que der e vier. Especialmente porque com a diminuição dos sentidos, pode vir a
ficar mais temeroso e dependente de você. Ter dois cães idosos pode ser
bastante positivo para que um faça companhia ao outro, mas nada impede que
você adquira um filhote, que pode dar uma nova alegria à vida do nosso
velhinho. No entanto, é importante prestar atenção ao temperamento do seu cão
mais velho: nem todos têm paciência para agüentar a energia e as brincadeiras
dos filhotes.
Se os cães sempre foram acostumados a
atividades específicas - como ir às exposições, freqüentar parques, fazer
truques e brincadeiras - é importante que continue podendo exercê-las mesmo
depois de certa idade. As brincadeiras como correrias e jogos de bola,
normalmente devem ser adaptadas à terceira idade. Não é preciso parar de jogar
a bolinha para o seu cão, mas talvez seja prudente jogá-la mais perto e menos
vezes.
Mas o principal cuidado que
devemos ter com os nossos velhinhos é continuar amando-os como nunca... não o
deixando de lado nem descuidando-se dele agora que ele já não está tão lindo
quanto na sua infância. Afinal, ele foi seu amigo fiel e lhe dedicou toda uma
vida. O mínimo que você deve fazer é cuidar para que a sua velhice seja a
melhor velhice possível.
Veja mais sobre o assunto no site:
The Senior Dogs Project
Adaptação do texto da revista Cães e Cia,
Editorial UVR, Lisboa
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