A
raça Dobermann é uma raça
relativamente recente e, ao contrário da grande maioria das raças, sua origem é
bem conhecida e pairam poucas dúvidas sobre o seu
desenvolvimento.
O aparecimento do Dobermann é fruto de um trabalho cuidadoso de seleção
desenvolvido por um cobrador de impostos, que acumulava ainda as funções de
vigia noturno e zelador de abrigo de cães da cidade de Apolda, na Alemanha, chamado
Louis Doberman.
Em suas funções, Louis Dobermann viajava muito e por isso precisa de um cão
que pudesse garantir sua segurança durante as viagens e também no exercício de
sua função de cobrador de impostos. O cão precisava ser não apenas valente e
corajoso, mas também ágil e esperto, com um bom faro e excelente resistência.
Para obter o cão ‘dos sonhos’, Dobermann iniciou os cruzamentos inter-raciais
envolvendo, basicamente, as raças: Pastor Alemão, Pinscher Alemão, Rottweilers,
Weimar Pointer; Greyhound Inglês e Mancherter Terrier. O trabalho de Louis
Dobermann durou aproximadamente 10 anos e, com sua morta, foi continuado por
Otto Goeller, que refinou os cruzamentos chegando a estabelecer o padrão da raça
como conhecemos hoje em 1899 e deu o nome à raça de Doberman Pinscher. O reconhecimento internacional do Doberman foi efetivado em 1957,
quando foi aceito pela FCI.
Pouco menos de 20 anos depois, a raça passou por uma expansão enorme. No
Brasil, a partir da década de 60/70 foi amplamente adotado como cão de guarda,
graças às suas qualidades como agilidade, inteligência e, principalmente,
lealdade ao dono. No entanto, essa popularidade trouxe mais problemas que
benefícios para a raça: em 1972 foi lançado o filme de TV ‘Gangue dos Dobermans’
que mostrava cães ‘adestrados’ por uma gangue de assaltantes de banco que eram
capazes de, sozinhos, render os caixas de banco e promover os assaltos. A partir
daí (e das seqüências do filme) os dobermans passaram a ter grande procura sendo
que de 1983 a 1986 foi o campeão de registros no Brasil.
Infelizmente, a quantidade não foi traduzida em qualidade e
em razão da irresponsabilidade de ‘fabricantes de filhotes’ e de maus
proprietários, os dobermans começaram a apresentar graves desvios de
comportamento, como agressividade excessiva e comportamento imprevisível.
Seguiram-se então os acidentes envolvendo os cães da raça e, conseqüentemente,
uma queda da popularidade e da procura por filhotes. Os problemas eram tantos,
que criou-se um mito de que a ‘agressividade’ do doberman era causada pelo
‘tamanho reduzido de seu crânio’, que ‘comprimia o cérebro e causava dores de
cabeça’.
Para combater esses desvios, o Doberman Verein, clube alemão da raça e
responsável pelo padrão internacionalmente aceito, promoveu modificações no
texto que trata do temperamento do cão, enfatizando suas qualidades como cão
amigável e confiável, devotado à família. Segundo o padrão, é desejável que o
cão tenha um limiar de excitação ‘médio’, com um bom relacionamento com o dono,
o que garante um cão mais equilibrado.
Personalidade
O Doberman é, de
maneira geral, um cão muito ativo, enérgico e determinado, extremamente ligado à
família a que pertence. Um cão de guarda versátil e bastante resistente, sendo
mais leve e aerodinâmico que o Rottweiler, mas sem perder a eficiência no seu
trabalho. Possui uma mordida poderosa e uma movimentação extremamente elegante e
rápida. Foi muito utilizado pela polícia, pelos militares em guerra (os
fuzileiros navais serviram-se deles para descobrir os franco-atiradores), na
defesa de propriedades, indústrias, fazendas, residências.
É um cão que,
para desenvolver-se adequadamente, precisa de espaço para exercícios e contato
constante com as pessoas da casa. Por seu grande vigor e agilidade, é muito comum ver dobermans participando de
competições de agility, esporte que amplia e melhora ainda mais a sintonia entre
cão e dono e, no caso do doberman, promove a atividade física necessária.
Muito alerta e vigoroso, o doberman precisa de um dono que saiba se impor e
para que a convivência seja boa, é conveniente que o cão receba o adestramento
de obediência desde cedo. Extremamente inteligente, o Doberman aparece em 5º
lugar na classificação do livro "A Inteligência dos
Cães", do psicólogo Stanley Coren.
O
Filhote
A escolha do filhote é um fator extremamente importante na decisão de ter um
doberman. O futuro dono deve, antes de mais nada, certificar-se da seriedade do
criador e dos cuidados com a seleção das matrizes quanto ao temperamento.
O filhote deve ser robusto sem ser pesado e deve apresentar uma boa
movimentação. Os membros precisam ser fortes mas sempre proporcionais ao corpo.
Os olhos devem ser escuros e não podem apresentar coloração amarelada. O focinho
deve apresentar boa pigmentação, sendo preto ou marrom dependendo da cor
dominante da pelagem.
A boa escolha de um filhote requer ainda que se observe o temperamento dos
filhotes, que devem ser alerta mas não devem demonstrar agressividade. Outra medida
fundamental para o filhote é a socialização, que garante ao filhote um bom
desenvolvimento psíquico.
Um cuidado especialmente importante para o bom desenvolvimento do filhote é
quanto à quantidade de exercícios e uma boa alimentação, que promova o
desenvolvimento muscular característico da raça. A cauda do doberman deve ser cortada no padrão da raça, já que ‘ao natural’
ela é muito grande e pesada, o que pode dificultar sua movimentação.
Cores
A FCI/CBKC aceita para o Doberman apenas em 2 variedades de cor: o preto e o
marrom, ambos com detalhes em ‘ferrugem’ ou ‘tan’, normalmente acima dos olhos,
focinho, pescoço e tórax, patas e cauda. Já o American Kennel Club (AKC) aceita para a raça 4 variedades de cor: preto
e tan, marrom e tan, isabella (uma tonalidade de castanho claro - foto à
esquerda) e azul e tan (foto à direita). Em ambos os casos não são aceitas marcas brancas.
Problemas comuns à raça
Os problemas de origem genética mais comuns ao doberman são:
- Cardiomiopatias – alteração do funcionamento do coração, que pode provocar problemas de circulação;
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Síndrome de Wobbler – má formação das vértebras
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Hipotiroidismo – distúrbios da tiróide e mais comum em fêmeas.
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Doença de Von Willebrand – uma deficiência de coagulação sanguínea.
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Atrofia progressiva da retina – causa cegueira
Além desses problemas hereditários, o Doberman pode ainda apresentar problemas de pele e irritações oculares.
Um cuidado importante deve ser dirigido à dentição dos cães, que deve ser completa (42 dentes).
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