O Bouvier de Flandres como o próprio
nome diz originou-se na região de Flandres, que abrange parte da França e da Bélgica,
tanto que é considerado um cão franco/belga. É provável que ele tenha se
desenvolvido à partir de griffons e do Beauceron do tipo antigo.
Em épocas remotas, todos os cães que trabalhavam com rebanhos eram conhecidos
como bouviers (boiadeiros), e cada região, naquela área, tinha seu próprio
tipo de cão boiadeiro. Com a Primeira Guerra Mundial, quase todos foram
extintos, incluindo o Bouvier de Roulers, Bouvier de Moerman e Bouvier de Paret.
Entre os que resistiram a guerra estão o Bouvier de Ardennes e o de Flandres.
Esse cães eram criados por açougueiros, fazendeiros e comerciantes de gado,
que não davam importância a pedigrees e sim a capacidade de trabalho desse cães
que eram guardiões e condutores dos rebanhos. Tinham diferentes nomes como
"Vuilbaard" (barba suja), "Koehond" (cão boiadeiro) ou
"Toucheur de Boeuf" ou "Pic" (condutor de gado).
A Sociedade Real de São Humberto tomou conhecimento da raça em 1910 quando
dois exemplares foram exibidos numa exposição internacional realizada em
Bruxelas e só em 1912 um padrão foi adotado.
A raça vinha tendo grande desenvolvimento até o início da 1ª Guerra Mundial.
A região onde eram mais amplamente criados foi totalmente destruída e muitos cães
foram abandonados ou morreram, sendo alguns levados pelos alemães. Mas de uma
forma ou de outra alguns proprietários conseguiram manter seus animais durante
a guerra e retomaram a criação após o seu final.
O cão cuja progênie foi fundamental para reviver o Boiadeiro de Flandres na Bélgica
era de propriedade do veterinário Capitão Barbry, que residia na propriedade
do exército Belga. Esse cão, o campeão "Nic de Sottegem", foi
apresentado em uma exposição na Antuérpia e foi considerado o tipo ideal para
o Boiadeiro de Flandres. Até a sua morte em 1926 ele deixou inúmeros
descendentes que aparecem na grande maioria dos pedigrees atuais.
O Boiadeiro de Flandres é acima de tudo um cão de trabalho e apesar de ter seu
tipo padronizado os criadores na Bélgica não querem que ele perca as
qualidades que o tornou tão desejado. Por essa razão a raça não pode ganhar
nem um título sem também participar de provas de trabalho em várias
modalidades. Com a modernização dos equipamentos de transporte de rebanho,
temeu-se pela sorte deste grande cão, mas sua inteligência permitiu que ele
fosse também usado como guardião de propriedades, como cão policial, de
defesa e companhia.
O Bouvier de Flandres é um cão inteligente, tranqüilo , constante e
desprovido de medo. Ele é afetivo e protetor com a família, mas pode ser um
pouco agressivo em algumas situações, uma herança da época que ele era um
guardião de rebanhos.
A pelagem é dupla com subpêlo protetor e impermeável e pêlo de comprimento médio,
em torno de 6 cm levemente eriçado, sem ser lanoso nem encaracolado. Na cabeça
o pêlo é mais curto e existe a formação de bigode e barba.
Na aparência geral o Boiadeiro de Flandres é um cão de porte grande, brevilíneo,
com tronco curto, atarracado e membros fortes e bem musculados. A cabeça é
massuda, acentuada ainda mais pela barba e bigodes.
As orelhas tem inserção alta, são cortadas em triângulo de modo a ficarem
bem eretas. A cauda é cortada na segunda ou terceira vértebra, sendo que
alguns exemplares podem nascer anuros. |