O
Judaísmo e o Cão
Os hebreus consideravam
todos os cães absolutamente impuros. Isto porque os cães mais comuns
(cães párias) eram comedores de carniça que subsistiam à base dos
refugos, lixo e até corpos humanos. Para os israelitas, qualquer
contato com um cadáver é ritualmente aviltante (em parte por motivos
religiosos e em parte buscando evitar contaminações). Por essas razões,
os hebreus concluíram que qualquer animal que procurasse alimento em
fontes impuras seria, ele também, considerado impuro.
Não obstante tudo isso,
o judaísmo sustenta algumas posições positivas sobre os cães. O
Talmude, autoridade aceita pelos judeus em toda parte, diz que os cães,
apesar de impuros devem tolerados, afirmando ainda que o acesso a
alimento ritualmente impuro foi a recompensa concedida por Deus aos cães,
retribuindo o silêncio destes na noite em que os israelitas começaram
o êxodo do Egito. Ainda segundo o Talmude, o sinal de proteção dado
por Deus a Caim foi um cão.
O Catolicismo e o Cão
O catolicismo, em geral,
herdou algumas das opiniões negativos do judaísmo quanto aos cães, no
entanto elas se diluíram bastante em diversas narrativas positivas
sobre o papel dos cães, em especial nas versões populares da tradição
religiosa. Já no episódio do nascimento de Jesus, bastante associado
à imagem de pastores, é comum a presença de cães nas cenas da
natividade. Um relato da Granada afirma que três cães seguiram os
pastores até Belém. Vários santos cristãos também em suas vidas
fatos relacionados à presença de cães, como nos casos de Santa
Margarida de Cortona; São Patrício e principalmente São João Bosco,
defendido inúmeras vezes pelo cão Giggio.
O
Islã e o Cão
A tradição islâmica
também começa com uma visão negativa do cão, mas como sempre,
misturada a diversos aspectos positivos. Assim como no judaísmo, o cão
é considerado impuro, a ponto de que uma bacia em que um cão tenha
comido ou bebido deva ser lavada sete vezes e friccionada com terra
antes de poder ser utilizada pelo homem. Nos centros islâmicos, as
matilhas de cães párias era um grave problema urbano, já podiam
transmitir raiva e várias outras doenças. Apesar disso, eram
consideradas importantes porque comendo os restos deixados pelos homens,
acabavam cumprindo um papel importante na limpeza pública.
O próprio Maomé
defrontou-se com o problema dos cães vadios na cidade de Medina. Num
primeiro momento, Maomé tomou a inflexível decisão de editar um
decreto pelo qual todos os cães deveriam ser exterminados. Refletindo
mais sobre o assunto, moderou seu decreto, determinando que apenas os cães
pretos vadios fossem eliminados. Essa alteração deveu-se a duas razões:
a primeira, de ordem religiosa, pois sendo os cães criaturas de Alá,
somente Ele poderia exterminá-la e a segunda, mais pragmática, era que
algumas classes de cães, especialmente os cães de guarda, caça e
pastoreio eram extremamente úteis para os seres humanos.
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