Os
cães de salvamento são utilizados sempre que se registram incidentes
importantes. Graças às suas numerosas e eficazes intervenções, contam-se às
centenas os sobreviventes libertados e salvos pelos cães de resgate.
Os cães de salvamento
foram utilizados pela primeira vez na Grã-Bretanha, durante a Segunda Guerra
Mundial. Estavam encarregados de localizar as pessoas soterradas por escombros
dos edifícios. A sua eficácia foi tão grande que nos anos cinqüenta, começaram
a ser criadas escolas para formação de cães de salvamento, não só na
Inglaterra, como também nos Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
As operações de socorro em
que os cães intervêm são numerosas, pois a cada ano são registrados um milhão
de abalos sísmicos em todo o mundo e aos terremotos acrescentem-se os
desabamentos, incêndios, explosões, acidentes em obras de construção, minas ou
edifícios.
Detectores de
odores de quatro patas
Pela sua mobilidade e faro,
o cão treinado para a busca e salvamento de vítimas complementa o trabalho dos
aparelhos de detecção eletrônicos, e muitas vezes, supera-os. |
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Segundo estudos realizados
na Alemanha há alguns anos, eram necessários 20 homens trabalhando durante uma
hora para localizar uma pessoa soterrada em grande profundidade. A utilização
dos aparelhos geófonos do tipo Capson reduziu consideravelmente esse prazo. No
entanto, os aparelhos apenas captam e amplificam os chamados, gemidos ou o
bater do coração de vítimas conscientes, enquanto que o cão, graças ao seu
olfato privilegiado, pode localizar pessoas mortas ou vivas em meio à fumaça
ou ao ruído e mesmo na mais completa escuridão.
As reações do cão também
indicam se devem ou não ser ativados os socorros. Na realidade, no cão
treinado, as reações serão mais vivas se ele descobrir um sobrevivente cujo
odor corporal conseguiu captar. Neste caso, começa a latir com entusiasmo.
Segundo o treinamento que ele recebe, o cão não deve começar a remexer os
escombros para não se ferir ou ferir a vítima a não ser que seja ordenado que
assim deva proceder. Ao contrário, os odores de pessoas mortas 'espantam' o
cão que então se limita a indicar o local em que se encontra o corpo. Muitas
vezes é ensinado a uivar outras a simplesmente apontar o local sem se
mexer.
Para realizar as tarefas
de resgate os cães têm pouco tempo. Uma operação complexa pode levar no máximo
12 dias. Depois desse período considera-se que nenhum ser humano poderia ter
chances de sobreviver. No terremoto que abalou o México, para que os cães
mantivessem seu aproveitamento sempre em níveis máximos, eles eram colocados
para trabalhar em lugares diferentes por 4 horas diárias, em turnos de meia
hora.
Qualquer cão - exceto os
molossos pesados e os pequenos - pode transformar-se em um cão de resgate. A
raça pouco importa, o que conta é a eficácia. No entanto, apesar disso, a raça
mais usada para o resgate é, ainda, o pastor alemão, embora cada vez mais
sejam adotadas outras raças, como o Pastor Belga, o Boxer, o Dobermann,
Labrador, Rottweiler entre tantas outras. A principal característica desejável
num cão de resgate é que eles sejam treinados com o maior rigor possível e que
realmente GOSTEM de pessoas.
Os primeiros passos para
esse treinamento é feito, normalmente, em centros de formação e treinamento
especializados. O treinamento intensivo ocorre em pedreiras abandonadas ou
antigas minas devidamente preparadas para este objetivo. Nestes locais são
reproduzidas as situações que os cães enfrentarão no futuro para que possam se
acostumar e saber como se locomover em segurança. Nenhuma situação é deixada
de lado: vigas instáveis, obstáculos cortantes, material rolante ou com molas,
desabamento de lama, casas incendiadas.
No treinamento procura-se
considerar todas as situações difíceis e que podem perturbar os hábitos dos
cães e que dificultem sua capacidade de busca, incluindo aparelhos ruidosos,
sirenes, grande movimentação de pessoas, gritos, fumaça, gases e, além disso,
exercícios noturnos. Nestes exercícios, os voluntários se escondem por baixo
dos mais diversos materiais, ou entre montes de tubos. Mais difícil ainda é,
para o cão, o exercício em que tem que desenterrar vítimas soterradas, porque
a camada de terra ou lama detém o odor da vítima e dificulta a ação do cão.
Outra modalidade de exercício envolve a utilização de geladeiras repletas de
carne para comprovar as reações do cão que não deverá ceder à tentação, pois
sua função é a de 'salvar' pessoas e não promover 'saques'.
Outros exercícios muito
duros, tanto para o cão quanto para o homem, são a descida em rappel por uma
parede alta e a passagem de uma parede para outra. O cão tanto pode ir nos
ombros do dono quanto preso por um arreio para facilitar o transporte. O
helicóptero torna-se necessário, às vezes, para levar as equipes de resgate ou
recuperá-las após uma busca em locais inacessíveis. Neste caso, homem e cão
são transportados suspensos no aparelho por um cabo de aço.
Para que o cão seja motivado
para a busca, o dono deve sempre animá-lo e parabenizá-lo após o trabalho
concluído e em qualquer circunstância. Normalmente as duplas são formadas por
um cão e um condutor e não devem ser desfeitas, porque o cão não vai trabalhar
com a mesma eficiência com uma pessoa desconhecida. Porque, por mais treinado
que o cão seja, o fator determinante para o seu bom desempenho é, como sempre,
a vontade de agradar ao dono.
Os cães são treinados
progressivamente e vão adquirindo certificados de eficiência para buscas em
locais específicos. Inicialmente os cães recebem a permissão de participar de
missões de busca e salvamento de pessoas perdidas em florestas, passando para
treinamento em resgate de vítimas em avalanches, busca urbana e, finalmente,
aquática. Cada um desses certificados tem ainda 2 níveis de dificuldade.
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