Entre
as muitas atividades que os cães desempenham no cotidiano das pessoas,
uma delas é especialmente reconhecida: a de cão guia de cego. Aqui no Brasil ainda são poucas as pessoas que
contam que esse auxílio, mas aos poucos as associações começam a
investir em projetos de capacitação e treinamento de cães para esta função.
Para completar o quadro, a ignorância e a falta de solidariedade ainda
chegam a impedir que os portadores de deficiência visual possam transitar
livremente com seus cães em locais públicos.
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Ao contrário, nos Estados Unidos e Europa
essas associações e fundações tem um trabalho extremamente
sofisticado e reconhecido pela comunidade e pelos criadores que doam
filhotes para essa função. E vão além: algumas montaram seus próprios
canis com o objetivo de garantir que haja sempre a renovação e
incorporação de novos cães que cumpram essa função.
As raças
A
escolha das raças caninas a serem utilizadas para a função de cão
guia é bastante diferente dependendo do país. Mas de maneira geral as
mais utilizadas são: Pastor
Alemão, Golden
Retriever e Retriever
do Labrador, mas isso não quer dizer que apenas estas ração
tenham aptidão para serem treinadas. Na Nova Zelândia, por exemplo,
até mesmo os simpáticos vira-latas podem ser treinados para ser um cão-guia.
As principais qualidades que devem ser
procuradas nos cães são temperamento dócil e equilibrado, facilidade
de adaptação a novas situações, tamanho, tipo de pelagem, inteligência
e facilidade em aprender, uma vez que o cão terá que passar por um
longo período de treinamento que o capacitará a desempenhar uma série
de funções fundamentais para o bem estar do seu dono.
O Treinamento
Após
o nascimento, o candidato a cão-guia é observado até a 8ª semana de
vida para verificação da saúde, temperamento e espírito de liderança.
Se for aprovado, passa por um período de socialização e convivência
com humanos que dura aproximadamente 1 ano, durante o qual será cuidado
por uma família voluntária.
Enquanto estiver sob os cuidados desta família
‘tempória’, o cão deverá ser exposto ao maior número de informações
e experiências possíveis, saindo para passear todos os dias, a pé ou
de carro, para diferentes lugares, tranqüilos e movimentados, tendo
bastante contato com muitas pessoas, entrando em lojas e restaurantes,
fazendo viagens com a família, participando de todos os acontecimentos
familiares e logicamente entrando em casa.
É também durante esta fase que é feito o
adestramento básico de obediência de forma caseira, mas também
orientada pelo instrutor, onde o cão aprende o "senta", o
"deita", o "fica", parar para descer ou subir
escadas, parar para atravessar a rua, andar do lado esquerdo e um pouco
à frente, saber se comportar educadamente e tranqüilamente em todos os
lugares por onde andar, como também nos táxis, ônibus, metrôs, ...
Somente
depois ele voltará para a escola onde será treinado para o trabalho
por aproximadamente 7 meses. Os cães que não se qualificarem como
"guias" serão utilizados como cães de companhia para pessoas
com dificuldade de locomoção, farejadores ou outras atividades.
Neste período de treinamento, os adestradores,
com formação técnica específica para esse fim, proporcionam aos cães
o contato com diversos ambientes e novas situações de uma forma
gradual.
Treinamento
específico
Quando o cão
atinge a idade de 1, ele deve começar o treinamento específico para a
função de cão-guia. Por mais ou menos 3 meses, vai ser trabalhado
pelo adestrador, verificando o aprendizado que recebeu enquanto vivia
com a família voluntária, fazendo-se as devidas correções e aperfeiçoando
o adestramento básico de obediência.
O
adestrador reforçará e aperfeiçoará a condução do cão em linha
reta e posicionado à sua esquerda, fazer o fica a qualquer momento,
parar (e sentar) para atravessar ruas, estar desviando de obstáculos
elementares, ou seja, buracos no chão, poças d'águas, latões, sacos
de lixo, ... e estar aproveitando toda e qualquer situação que surja,
durante os treinos. Assim que o cão se adaptou ao seu adestrador,
podemos introduzir o peitoral específico de guia, para irmos
completando o equipamento de uso.
Ao término destes 3 meses iniciais, e
dependendo da performance do cão, é iniciado a adaptação do cão ao
uso do peitoral específico de guia. Nesta fase ele dever ir se
acostumando ao novo material e também deve ter mais atenção e
concentração do cão, fazendo os exercícios num percurso mais
complicado, diversificando mais situações e reforçando sempre sua
atenção aos obstáculos, fazendo com que desvie sem esbarrar e
mostrando ao cão que deve haver espaço para os 2 poderem passar.
Após o período de educação específica, o cão
estará pronto para o contato com o seu futuro dono, situação esta que
será personalizada, isto é, respeitará as características do cego e
do seu ambiente procurando atribuir a cada um o cão mais adequado.
O mais importante, durante todo esse processo
é a boa condução do cão, levando-se em conta o temperamento do cão,
e não exigindo dele mais do que de fato esteja preparado a fazer. Até
mesmo as repreensões devem que ser equilibradas, pois não podemos ter
um cão medroso e sem iniciativa.
Quando o trabalho do adestrador com o cão
estiver pronto, é chegada a hora de promover a integração do cão com
o cego. Esse processo pode durar cerca de 3 semanas, durante o qual o
usuário vai receber todas as orientações necessárias de como cuidar
e manter este cão e, principalmente, como usá-lo como seu guia.
Os cães guia (tanto machos quanto fêmeas) são
entregues aos seus usuários já castrados. Esta medida tem como o
objetivo evitar os problemas decorrentes da maturidade sexual dos cães,
que ocorre normalmente entre os 12 e os 18 meses.
Cuidados
especiais
Os cães
guias de cego não devem ser tocados por pessoas estranhas durante o
seu ‘horário de trabalho’;
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Não distraia ou tente brincar com ele
enquanto ele estiver trabalhando. O seu dia-a-dia é bastante
estressante e deve ser respeitado
Para mais informações
sobre o assunto:
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